WhatsApp vai deixar de funcionar em celulares antigos? Não é bem assim

WhatsApp esclarece notícias sobre fim de suporte em 2021; app não recebe atualizações em versões antigas do Android e iPhone

Felipe Ventura
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
iPhone antigo com WhatsApp (Imagem: Webster2703/Pixabay)
iPhone antigo com WhatsApp (Imagem: Webster2703/Pixabay)

Uma notícia curiosa vem circulando neste final de ano alegando que o WhatsApp vai parar de funcionar em celulares antigos a partir de 2021, incluindo modelos de iPhone e Android. Isso não é bem verdade: a empresa avisa que o suporte a esses aparelhos já tinha acabado em 2020, e estranhou que isso esteja sendo divulgado como algo novo.

As manchetes afirmam que o WhatsApp “vai deixar de funcionar em alguns smartphones em 2021”, ou que o app “para de funcionar em milhões de celulares nesta sexta”. As notícias, tanto em português como em inglês, mencionam os mesmos aparelhos que se tornariam incompatíveis, como o Samsung Galaxy S2, Motorola Droid Razr, LG Optimus Black e iPhone 4.

O fato é que o WhatsApp encerrou o suporte a iPhones e Android antigos… em fevereiro de 2020. Desde então, o app não recebe atualizações em celulares com Android 2.3.7 Gingerbread, iOS 8 ou versões anteriores. Não houve nenhuma mudança nisso, e não há nada previsto nesse sentido para 2021.

O próprio WhatsApp estranhou o burburinho, que ganhou força na Índia antes de se espalhar para outros países. A empresa diz em comunicado ao India Today (grifo nosso):

Todas as notícias dizendo que o WhatsApp vai parar de funcionar em 1º de janeiro de 2021 nos iPhones e dispositivos Android antigos, que não rodam pelo menos iOS 9 ou Android 4.0.3, não estão dizendo nada de novo. Esses aparelhos antigos já não são suportados. Eles estão apenas falando sobre a mudança de política do WhatsApp que foi anunciada em dezembro de 2019 e, de alguma forma, ela foi conectada à data de 1º de janeiro de 2021.

O WhatsApp também esclarece que não há “nenhuma alteração de política no momento”. E a empresa observa que, antes de interromper o suporte a celulares mais antigos, “fornecemos notificação adequada aos nossos usuários que seriam afetados para que eles possam saber mais sobre como continuar a usar” o aplicativo.

Onde começou esse boato sobre o WhatsApp?

Notícia sobre fim do WhatsApp em celulares antigos (Imagem: Reprodução / Entrepreneur)

Notícia sobre fim do WhatsApp em celulares antigos (Imagem: Reprodução / Entrepreneur)

O paciente zero desses rumores parece ser o site Entrepreneur: em 14 de dezembro, eles publicaram um artigo com o título “WhatsApp deixará de funcionar nestes iPhones e Androids a partir de 1º de janeiro” (de 2021).

Sem citar fontes, o texto afirma que esse prazo vale para celulares que rodem versões anteriores ao iOS 9, como o iPhone 4; ou anteriores ao Android 4.0.3, como o Galaxy S2, Motorola Droid Razr e LG Optimus Black mencionados em notícias de outros veículos da mídia.

Dias depois, essa desinformação começou a pipocar em outros sites, basicamente resumindo o que foi dito pelo Entrepreneur (muitas vezes sem dar crédito nem link).

Vale notar que o Entrepreneur noticiou outro dado incorreto recentemente: segundo eles, o WABetaInfo confirmou que o WhatsApp irá mostrar propagandas em 2021. O especialista em engenharia reversa tem bastante credibilidade, e revela várias funções do aplicativo antes de serem lançadas.

No entanto, o próprio WABetaInfo recorreu ao Twitter para desmentir essa notícia: ele havia informado que o WhatsApp terá uma seção para anúncios importantes como mudanças nos termos de uso, não propagandas. O Facebook até tinha planos de exibir anúncios pagos nos Status (stories) do aplicativo, mas decidiu suspender a ideia durante a pandemia.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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