Sem verificação, fakes do Clubhouse movimentam grandes discussões no app

Brad Pitt e Quentin Tarantino mediando uma conversa sobre mudanças climáticas no Clubhouse? Seria ótimo, se não fosse fake

Ana Marques
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Clubhouse
Clubhouse Imagem: William Krause/Unsplash)

Na última terça-feira (16), foi a vez de Brad Pitt brilhar entre os usuários famosos do Clubhouse, a nova rede social de áudio que vem dando o que falar. A surpresa é que, apesar de usar o nome e uma foto do ator e produtor norte-americano, o perfil não se tratava realmente de Pitt, mas sim de Jacob Tran, um fotógrafo de Nova York que não tinha nenhuma relação com o astro de Hollywood, de acordo com informações da Forbes.

Sem se pronunciar no chat, o fake foi capaz de movimentar a discussão sobre mudanças climáticas com milhares de outros usuários em uma sala do aplicativo, adicionando moderadores e observando tudo em silêncio. A conversa durou horas, e envolveu pessoas realmente ligadas ao assunto, como especialistas em hotelaria e da indústria têxtil que contribuíram com seus pensamentos sobre desperdício e o descarte de lixo.

Até mesmo promessas de investimentos em startups foram feitas durante o bate-papo. Todos pensavam que estavam discutindo diante dos ouvidos atentos de Brad Pitt.

“As pessoas estavam se juntando e eu estava apenas olhando as biografias”, disse Tran a Jesse Damiani, colaborador da Forbes. “Vi que as pessoas mais malucas estavam me seguindo, como atores ou gente notável. E então começaram a aparecer desenvolvedores e pessoas no espaço da criptomoeda, como o fundador da Litecoin.”

Além de Jacob, um amigo dele também se fez passar por outro famoso: Quentin Tarantino. Segundo eles, a intenção nunca foi “trollar” ninguém. A ideia era se divertir em salas com outros amigos, mas desconhecidos começaram a aparecer – porque é exatamente isso que acontece no Clubhouse.

Eles só foram descobertos quando, após muito tempo, alguém decidiu perguntar se Brad era realmente… Brad.

Contra os Termos de Uso do serviço

Um fake em uma rede social está longe de ser novidade – mas há mais poréns nessa história. Como uma plataforma extremamente “jovem”, fundada em 2020, o Clubhouse ainda carece de recursos importantes que garantam alguns níveis de segurança aos usuários, como a verificação de contas, comum em outras redes, como o Facebook e o Twitter.

Tendo em vista que o hype do Clubhouse se deve bastante à influência de celebridades, como os pioneiros Elon Musk e Mark Zuckerberg, a ausência de mecanismos para atestar a veracidade da conta e do que é publicado por ela soa um tanto quanto problemático.

Segundo os próprios Termos de Uso do aplicativo, é proibida a criação de contas falsas ou duplicadas no Clubhouse. A rede social afirma que “você deve usar um nome e identidade reais no serviço, e também não permite que usuários incluam o termo “conta verificada” ou ícones/emojis que possam representar esse status – o que poderia confundir outras pessoas.

Clubhouse só aceita cadastros por convite (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Sala de bate-papo no Clubhouse (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Ainda assim, isso não é o suficiente para manter os fakes fora em período integral, e a relação do Clubhouse com privacidade e segurança ainda não é um território totalmente explorado. De acordo com suas próprias políticas, a rede afirma que “você usa o serviço por sua própria conta e risco” e que “nenhuma transmissão de Internet ou e-mail é totalmente segura ou livre de erros”.

E quanto ao Jacob Tran? E Brad Pitt?

Após ser descoberto, Jacob Tran teve sua conta (@bradpitt) denunciada e banida, como é previsto pelas políticas do Clubhouse. Mas a grande questão aqui é o que contas falsas com nomes de famosos podem fazer, especialmente neste início, quando as pessoas ainda estão descobrindo o aplicativo.

Se você é usuário do serviço, cabe redobrar a atenção ao participar de chats com famosos, especialmente em assuntos mais delicados.

O Clubhouse afirma que “não pode controlar as ações dos usuários na plataforma, que podem procurar usar aplicativos ou dispositivos de terceiros para gravar, armazenar ou compartilhar conteúdo ou comunicação sem o consentimento prévio de outros usuários”, portanto é importante estar ciente de que apesar de ser feita para “usuários reais”, ainda há vulnerabilidades na rede social.

Com informações: Forbes

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Ana Marques

Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.

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