Privatização do Serpro viola LGPD e Lei de Segurança Nacional, diz MPF

Ministério Público Federal publicou nota técnica em que aponta barreiras legais para a venda do Serpro

Victor Hugo Silva
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• Atualizado há 2 anos
Serpro

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O Ministério Público Federal (MPF) enviou uma nota técnica para o Ministério da Economia em que aponta barreiras legais no plano de privatização do Serpro. O documento alerta que a venda da estatal representará uma violação à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e à Lei de Segurança Nacional.

A nota técnica indica que, caso o plano do governo federal se concretize, o capital do Serpro deixará de ser integralmente público e suas bases de dados serão tratadas de forma terceirizada. Segundo o MPF, a LGPD impede que o tratamento de dados para segurança pública, defesa nacional e segurança do Estado seja realizado por entes privados.

O órgão destaca que a LGPD não se aplica ao tratamento de dados exclusivos a estes três casos, mas a lei estabelece uma proibição para essas situações. A norma determina que, em nenhum caso, os dados relativos a essas finalidades poderão ser tratados por pessoa de direito privado.

O MPF lembra que o estatuto do Serpro diz que a empresa presta serviços relacionados à segurança nacional. A estatal também é responsável pelo processamento de dados em sistemas como o do imposto de renda e do Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira), usado para o controle financeiro, patrimonial e contábil do governo federal.

“Assim, somente uma entidade pública, pertencente à administração direta ou indireta, tem autorização legal para tratar os dados pessoais que passam pelo Serpro”, aponta o MPF.

Venda do Serpro viola Lei de Segurança Nacional

Ainda de acordo com o MPF, a privatização do Serpro poderá marcar uma violação da Lei de Segurança Nacional. A norma estabelece como crime o ato de entregar ou permitir a entrega de dados e documentos sigilosos do governo brasileiro para governo ou grupo estrangeiro.

A lei também determina que comete crime quem revela informações sobre técnicas ou sistemas de processamento de dados usados no Brasil que deveriam permanecer em segredo por serem essenciais para a defesa, segurança ou economia nacional.

“No processo de privatização, o Serpro poderá vir a ser controlado por empresa estrangeira, de modo que governos estrangeiros poderiam controlá-lo direta ou indiretamente, tendo acesso a dados e tecnologias em desenvolvimento no Brasil essenciais para sua defesa, segurança e economia”, destaca o documento.

A nota técnica também foi enviada para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e TCU (Tribunal de Contas da União). O Serpro foi incluído no Programa Nacional de Desestatização no início de 2020. Inicialmente, a expectativa do governo federal era privatizar a empresa até junho de 2021.

Com informações: MPF.

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Victor Hugo Silva

Victor Hugo Silva

Ex-autor

Victor Hugo Silva é formado em jornalismo, mas começou sua carreira em tecnologia como desenvolvedor front-end, fazendo programação de sites institucionais. Neste escopo, adquiriu conhecimento em HTML, CSS, PHP e MySQL. Como repórter, tem passagem pelo iG e pelo G1, o portal de notícias da Globo. No Tecnoblog, foi autor, escrevendo sobre eletrônicos, redes sociais e negócios, entre 2018 e 2021.

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