Android usa IA para chamadas de voz com boa qualidade mesmo no 2G

O Google criou um codec para chamadas de voz, capaz de compactar o áudio para o ouvinte entender até em conexões de 3 kbps

André Fogaça
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Google Duo (Foto: Bruno Gall De Blasi/Tecnoblog)
Google Duo (Foto: Bruno Gall De Blasi/Tecnoblog)

O Google anunciou o nascimento de Lyra, um codec desenvolvido para tornar possível chamadas de voz via internet até mesmo em redes 2G, em aparelhos Android. A compressão utilizada consegue evitar que a baixa velocidade dos dados corte parte da voz de qualquer um dos lados do papo.

Assim como grande parte dos novos produtos criados pelo Google, o Lyra utiliza aprendizado de máquina para entender diversos sotaques e idiomas espalhados pelo mundo. Com milhares de horas de dados, em 70 línguas, utilizados para ensinar a tecnologia, o codec consegue trabalhar para garantir uma compressão de áudio tão eficiente que é capaz de garantir uma chamada de voz mesmo nas redes mais lentas.

Presente primeiro dentro do Google Duo, o codec Lyra faz recortes da fala em tempo real e separa blocos a cada 40 milissegundos, comprime e envia para o outro lado do papo. Mesmo em blocos com o trabalho do codec no meio, quem está ouvindo não percebe nenhum momento de pausa na fala.

De grosso modo, é possível colocar o Lyra próximo de outras soluções para compressão de voz, como é o caso do codec MELP. A tecnologia do Google é capaz até de trabalhar a qualidade da fala em um ambiente com música no fundo, para que possa ser entendida em uma conexão de 3 kbps – mais ou menos a mesma de uma conexão discada.

No resultado, ouvidos mais afiados conseguem notar que a compressão derrubou os dados e quase transformou a voz da pessoa em um robô, mas ainda assim é possível entender todas as palavras de forma clara e com a mesma entonação de quem falou.

Lyra chega primeiro em chamadas de voz no Android

O primeiro campo de testes do Google para o codec Lyra está dentro do aplicativo Duo para Android. Mesmo em um app para vídeo, a tecnologia foca apenas na parte da voz e não altera a parte visual. O próprio gigante das buscas acredita que sua utilização acontecerá em áreas rurais de alguns países como Brasil e Índia, onde a presença de redes 2G ainda é uma realidade.

Para além de conexões antigas, o Google também acredita que usuários poderão usufruir das vantagens de sua tecnologia em cidades com muitas pessoas. Nestes locais, mesmo com 4G ativo, os aparelhos podem enfrentar problemas de conexão por conta do número de usuários ou obstáculos entre o aparelho e as torres da operadora.

Em um futuro ainda sem data para acontecer, o Google prometeu transformar o codec em código aberto. Quando isso acontecer, o Lyra estará liberado para qualquer aplicativo ou solução, que pode ser desde um grande e potente servidor na internet para trabalhar na nuvem, ou então smartphones intermediários – desde que garantam latência de 90ms no processador.

Com informações: Google.

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André Fogaça

André Fogaça

Ex-autor

André Fogaça é jornalista e escreve sobre tecnologia há mais de uma década. Cobriu grandes eventos nacionais e internacionais neste período, como CES, Computex, MWC e WWDC. Foi autor no Tecnoblog entre 2018 e 2021, e editor do Meio Bit, além de colecionar passagens por outros veículos especializados.

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