Nvidia Grace é uma CPU que deve brigar com Intel em supercomputadores

Com tecnologia ARM, Nvidia Grace estará presente no Alps, supercomputador que promete ser o mais rápido do mundo em IA

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 6 meses
Nvidia Grace (imagem: divulgação/Nvidia)
Nvidia Grace (imagem: divulgação/Nvidia)

A Nvidia sempre vai ser sinônimo de placa de vídeo, mas esse não é o único segmento para o qual a companhia se dedica com afinco. Prova disso é que, nesta segunda-feira (12), primeiro dia da conferência GTC 2021, a empresa anunciou o Nvidia Grace, uma CPU para servidores e supercomputadores que conta com tecnologia ARM.

Soa estranho associarmos a Nvidia a CPUs, mas a companhia tem uma boa razão para investir nesse nicho: o chip Nvidia Grace foi desenvolvido para atender à demanda crescente por aplicações baseadas em inteligência artificial ou que exigem processamento de alto desempenho.

Como que para provar que leva esse aspecto a sério, a companhia revelou que uma máquina com CPU Grace pode oferecer até dez vezes mais desempenho do que sistemas Nvidia DGX de última geração que, por sua vez, são baseados em processadores x86.

Todo esse desempenho pode ser alcançado sem necessidade de um grande incremento no consumo de energia.

Como? As características técnicas da novidade ainda não foram totalmente liberadas (a quantidade de núcleos ainda é um mistério, por exemplo), mas a Nvidia adiantou que o chip combina núcleos de arquitetura ARM de baixo consumo com um subsistema de memória que também demanda pouca energia, mas sem afetar o desempenho geral.

O tal subsistema de memória ao qual a Nvidia se refere consiste no suporte a módulos LPDDR5x que, na comparação com memórias DDR4, são até dez vezes melhores na eficiência energética e podem apresentar o dobro de largura de banda em servidores e afins.

Para completar, o Grace pode se comunicar com GPUs Nvidia em taxas de até 900 GB/s (gigabytes por segundo) por contar com a quarta geração da tecnologia NVLink.

Graças a esses e outros atributos, a CPU Grace consegue lidar com cargas de trabalho avançadas, incluindo treinamento de modelos para processamento de linguagem natural (NLP, na sigla em inglês) com mais de um trilhão de parâmetros, de acordo com a Nvidia.

No anúncio oficial, chama a atenção o fato de a companhia destacar que os avanços aplicados no Grace são possíveis, em grande parte, à flexibilidade da tecnologia ARM.

Provavelmente, a Nvidia destaca esse ponto por ter anunciado, em 2020, a compra da ARM e vir tentando, desde então, obter aprovação do negócio por órgãos reguladores.

Mas esse aspecto também nos faz questionar se o projeto não poderá ser mais uma ameaça para a Intel, esta no segmento de computação de alto desempenho.

Supercomputador Alps

Supercomputador Alps (imagem: divulgação/Nvidia)
Supercomputador Alps (imagem: divulgação/Nvidia)

Ainda de acordo com a Nvidia, o chip Grace só estará disponível no começo de 2023, mas já tem interessados. Um deles é o Centro Nacional de Supercomputação da Suíça (CSCS), que anunciou um supercomputador baseado na novidade: o Alps.

Projetado em conjunto com a HPE e, obviamente, a Nvidia, o Alps já está em fase de desenvolvimento e deverá ficar pronto justamente em 2023. Essa máquina vai substituir o Piz Daint, o supercomputador mais potente do CSCS atualmente.

O Alps será empregado em pesquisas para diversos campos, como meteorologia, ciência dos materiais, ciências da vida, física de partículas e química quântica.

Para tanto, o projeto terá como base a linha de supercomputadores HPE Cray EX e a plataforma de supercomputação Nvidia HGX, que inclui GPUs de alto desempenho da companhia e a CPU Grace.

A expectativa é a de que, com esses recursos, o Alps possa oferecer até sete vezes mais desempenho em tarefas de inteligência artificial do que o Nvidia Selene, supercomputador que é referência para o assunto.

Em outras palavras, o Alps promete ser o supercomputador mais poderoso do mundo para inteligência artificial.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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