Commodore 64, dos anos 80, pode minerar bitcoin (mas deve demorar um pouco)

Youtuber usa computador Commodore 64, dos anos 80, para minerar bitcoin; demoraria 50 trilhões de anos para adquirir 1 BTC

Bruno Ignacio
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Com processador de 1 MHz, Commodore 64 demoraria 50 trilhões de anos para minerar 1 BTC (Imagem: Luca Boldrini/Flickr)
Com processador de 1 MHz, Commodore 64 demoraria 50 trilhões de anos para minerar 1 BTC (Imagem: Luca Boldrini/Flickr)

Na medida em que a mineração de bitcoin e de outras criptomoedas se torna cada vez mais popular e lucrativa, os mais inusitados experimentos aparecem. Agora, o canal do YouTube 8-Bit Show e Tell conseguiu programar um Commodore 64, um computador dos anos 80, para realizar a atividade. Claro, trata-se de uma maneira extremamente ineficiente de extrair moedas digitais.

Na última sexta-feira (23), o canal 8-Bit Show e Tell publicou no YouTube um vídeo no qual consegue executar o software de mineração C64 Bitcoin Miner com sucesso em um Commodore 64. O experimento com certeza é curioso, mas financeiramente gera apenas prejuízos.

Demoraria 50 trilhões de anos para minerar 1 BTC

A máquina conta com um processador de 1,0 MHz, podendo atingir uma taxa média de hash (unidade métrica para extração de criptomoedas) de 0,3 H/s. Dito isso, se aplicado à mineração de bitcoin (BTC), demoraria cerca de 50 trilhões de anos para adquirir uma única unidade da moeda digital.

Além disso, o consumo de energia estimado para essa máquina dos anos 80 é de aproximadamente 21W. Assim, se colocarmos na ponta do lápis o custo médio de eletricidade necessário para realizar a atividade, o resultado seria um prejuízo de quase US$ 4 por mês, de acordo com a calculadora CryptoCompare.

Utilizando um acelerador de CPU para aumentar a taxa de hash, o poder de processamento saltou de 1 MHz para 20 MHz e o Commodore 64 conseguiu atingir 10 H/s. Ainda assim é totalmente insignificante comparando à potência das atuais GPUs de última geração ou das ainda mais potentes ASICs, equipamentos dedicados exclusivamente a minerar criptomoedas.

Mineração de bitcoin apresenta a maior dificuldade

O bitcoin (BTC) ultrapassou o preço de US$ 64 mil na segunda semana de abril, o mais alto de sua história, fazendo com que sua mineração também se tornasse mais lucrativa. Com o endosso de celebridades como Elon Musk e investimentos bilionários da Tesla e Microstrategy, por exemplo, a criptomoeda atrai mais mineradores.

Porém, trata-se de uma atividade difícil de realizar sem grandes investimentos iniciais. Atualmente, o blockchain do bitcoin exige muito mais poder de processamento do que uma GPU comum pode fornecer para que a mineração seja realmente vantajosa. Dito isso, sem máquinas ASIC, que podem custar mais de US$ 20 mil, é difícil conseguir algum lucro significativo.

Ether pode ser minerado com GPUs

Por isso, os mineradores caseiros se voltam cada vez mais ao ether (ETH), segunda criptomoeda de maior valor de mercado e que bateu novos recordes nesta terça-feira (27). A moeda digital chegou a ser negociada por US$ 2.683 no início desta tarde, de acordo com o índice CoinDesk.

Diferente do bitcoin, minerar ether com GPUs, principalmente com os chips gráficos GeForce RTX 3080 que podem alcançar uma taxa de aproximadamente 100 MH/s, ainda é muito viável. Tanto que se tornou um problema para gamers, que enfrentaram preços inflados e baixos estoques desses produtos ao longo de 2021, competindo com a demanda de mineradores.

Como resposta, a Nvidia anunciou que iria limitar o desempenho de mineração de ether em sua série GeForce RTX 3060 para diminuir a atratividade do produto para essa finalidade. Porém, a empresa também reconheceu a nova demanda e retomou a produção das chamadas CMPs, chips dedicados exclusivamente à extração de criptomoedas que são mais eficientes e baratos por não possuir saídas gráficas.

Com informações: Gizmodo, PC Gamer

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

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