Ministro pede que operadoras com 5G DSS não mostrem ícone de 5G no celular

Ofício enviado pelo Ministro das Comunicações pede que operadoras reservem expressão 5G para redes com frequência dedicada

Lucas Braga
Por
• Atualizado há 4 meses
iPhone 12 conectado no 5G
iPhone 12 conectado no 5G (Imagem: James Yarema/Unsplash)

Após dizer publicamente que a tecnologia 5G DSS não pode ser considerada como quinta geração, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, enviou um ofício para as operadoras de telefonia móvel solicitando a remoção do ícone indicador de 5G quando um smartphone está conectado à uma rede com compartilhamento de espectro. O padrão é defendido pela GSMA, associação que representa fornecedores de telecomunicações.

O Teletime obteve a íntegra da carta do ministro enviada para uma operadora de telefonia móvel. No documento, Faria diz que a tecnologia DSS está enquadrada no release 15 do 3GPP (entidade responsável por criar padrões para redes móveis baseada em GSM) e que não possui os principais benefícios do 5G, especialmente no formato Standalone, que não depende de uma infraestrutura 4G existente.

O ministro reconhece que o 5G DSS “representa uma evolução à tecnologia de quarta geração”, mas que a quinta geração no Brasil deve estar baseada no release 16 ou superior do 3GPP, de forma a garantir os requisitos necessários para viabilizar aplicações confiáveis e de baixa latência, Internet das Coisas massiva e banda larga móvel avançada.

No ofício, Faria defende que o 5G puro permitirá uma “melhoria substancial de qualidade dos serviços móveis” por permitir conexões mais velozes, com menor latência e maior densidade de dispositivos conectados.

Ministro pede remoção do ícone do 5G nos smartphones

O ministro diz que o usuário atual de telefonia celular “não tem acesso a essa qualidade proporcionada pela tecnologia 5G prevista no edital, mas tem sido surpreendido, na tela de seu telefone ou celular ou tablet, com a indicação de que está conectado a uma rede do tipo 5G”.

Fábio Faria, ministro das Comunicações (Imagem: Alan Santos/PR)
Fábio Faria, ministro das Comunicações (Imagem: Alan Santos/PR)

Na carta, Faria pediu para que as operadoras considerem “reservar a expressão 5G para se referir exclusivamente a serviços enquadrados no padrão n° 16 do 3GPP”. Ele diz que a população é induzida a concluir que o 5G já foi implantado no Brasil, que não trouxe melhora significativa da qualidade de serviços móveis e torna “injustificado” o empenho do governo para a licitação de frequências.

O ministro não considerou que a exibição do ícone de 5G nos smartphones não se trata de uma competência exclusiva das operadoras de celular: o ícone também é implementado pelas fabricantes de dispositivos móveis, que utilizam a nomenclatura como diferencial na venda de produtos.

O Tecnoblog entrou em contato com a Conexis para saber qual o posicionamento da entidade que representa as principais operadoras, mas a entidade afirmou não ter recebeido o ofício do Ministério das Comunicações.

GSMA defende 5G DSS e afirma que padrão também é 5G

Enquanto o ministro diz que 5G DSS não é 5G, há quem defenda o contrário: a GSMA, associação global que reúne diversas operadoras e fornecedores de infraestrutura para telecomunicações, diz que a tecnologia de compartilhamento de espectro faz parte da quinta geração.

A entidade ainda diz que o padrão DSS foi definido nas versões 15 e 16 do 3GPP, e pode ser considerado como o primeiro passo para implantação do 5G com frequências dedicadas.

Em outros países o ícone de 5G é exibido mesmo quando o smartphone está conectado a uma rede DSS. Alguns aparelhos mostram um indicador diferente quando o dispositivo se encontra em uma área de cobertura com frequências milimétricas (mmWave).

Claro, TIM e Vivo utilizam 5G DSS no Brasil

O 5G DSS já é realidade no Brasil, mas apenas para quem tem um smartphone compatível e esteja na área de cobertura das operadoras.

Motorola Moto G 5G Plus (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
5G DSS da Claro atinge 143 Mb/s em Moto G 5G Plus (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Apesar de ter sido vendida, a Oi Móvel também aposta no 5G, mas sem compartilhamento de espectro. A operadora ativou uma rede em Brasília com frequência dedicada de 2,1 GHz, e a cobertura atinge 80% da capital federal.

Atualizado às 13h58

Receba mais sobre Ministério das Comunicações na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

Canal Exclusivo

Relacionados