Anatel irá investigar como funcionam os TV Box com IPTV pirata

Agência suspeita que equipamentos de TV Box irregulares podem abrir backdoor para rede Wi-Fi doméstica ou façam mineração de criptomoedas

Lucas Braga
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Carga apreendida pela alfândega do Porto de Santos (Imagem: Divulgação/Receita Federal)
Carga de TV Box apreendida pela alfândega do Porto de Santos (Imagem: Divulgação/Receita Federal)

A Anatel criou um grupo de trabalho para investigar aparelhos de TV Box usados para transmissão de TV por assinatura pirata via IPTV. A agência quer descobrir se há riscos de segurança e privacidade para os usuários, e pretende criar um relatório para incentivar o banimento de anúncios de equipamentos irregulares das lojas online e marketplaces.

O grupo de trabalho GT TV Box será coordenado peal Superintendência de Fiscalização da Anatel. A força-tarefa fará engenharia reversa dos modelos de TV Box mais vendidos no Brasil para verificar se há brechas de segurança ou privacidade dos proprietários.

Anatel suspeita de backdoors e mineração em TV Box

O superintendente de Fiscalização da Anatel, Wilson Wellisch, afirmou ao Telesíntese que a agência tem recebido relatos de usuários informando que os aparelhos são usados para criar backdoors nas redes Wi-Fi das residências, que resultam na coleta de dados de outros dispositivos conectados à mesma rede doméstica.

Alguns equipamentos de TV Box possuem especificações técnicas com poder de processamento maior do que o exigido pelos aplicativos de IPTV pirata. Wellisch suspeita que há aparelhos que se aproveitam da energia elétrica do proprietário para mineração de criptomoedas, sem o consentimento prévio do usuário.

De acordo com o superintendente, os processos de engenharia reversa serão feitos por órgãos técnicos e sem viés, que examinarão tanto o hardware como os softwares embarcados das TV Box. Com os resultados da busca, a Anatel espera ter mais elementos que facilitem o processo de busca e apreensão de outros produtos piratas.

A agência espera que o relatório esteja pronto em agosto de 2021, e o documento também servirá como incentivo para que as lojas online inibam as vendas das TV Box irregulares. Em maio, a Anatel enviou um ofício para Mercado Livre, OLX, Amazon, B2W e outras dezenas de marketplaces alertando sobre os riscos e legalidade para a comercialização de produtos sem selo oficial de homologação.

“Gatonet” de TV a cabo causa impacto de R$ 15 bilhões

De acordo com a Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), a pirataria de TV paga causa impacto de R$ 15,5 bilhões ao setor audiovisual, dos quais R$ 2 bilhões são relativos a impostos que deixaram de ser arrecadados pelos governos.

O serviço oficial de TV paga tem encolhido anualmente: em março de 2021 haviam 14,2 milhões de contratos, 1,1 milhão a menos que o ano anterior. Em cinco anos, a Anatel registrou mais de 4,7 milhões desconexões de TV por assinatura.

A popularidade da “TV a gato” tem alguns motivos: o serviço tradicional de TV paga é muito caro, e os pacotes das operadoras são pouco ou nada flexíveis. Além disso, o acesso à internet ficou mais universal nos últimos anos com a expansão da cobertura por parte dos pequenos provedores, o que contribuiu para o aumento da procura pelo IPTV pirata.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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