Banco Mundial e FMI destacam uso de criptomoedas estatais entre países

FMI, Banco Mundial e BIS emitem documento para encontro do G20, destacando benefícios internacionais de moedas digitais de bancos centrais (CBDCs)

Bruno Ignacio
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Fundo Monetário Internacional (FMI) (Imagem: International Monetary Fund/ Flickr)
Fundo Monetário Internacional (FMI) emite documento apoiando uso de criptomoedas estatais para transações internacionais (Imagem: International Monetary Fund/ Flickr)

O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial emitiram um comunicado conjunto com o Banco de Compensações Internacionais (BIS) nesta sexta-feira (09), no qual defenderam as funcionalidades das moedas digitais de bancos centrais (CBDCs), destacando seu uso para transações transfronteiriças. Segundo o documento, essas criptomoedas podem apoiar o desenvolvimento do sistema financeiro global.

CBDCs tem potencial para transações internacionais

Os organismos internacionais argumentaram no documento que a coordenação entre múltiplos países é necessária para permitir movimentações internacionais com as moedas digitais de bancos centrais. Porém, foi destacado que essa tecnologia tem o potencial de criar um serviço de transações entre países que não depende de terceiros e de altas taxas.

“Serviços de pagamentos transfronteiriços mais rápidos, baratos, transparentes e inclusivos proporcionariam benefícios aos cidadãos, empresas e economias em todo o mundo”, disse Indermit Gill, vice-presidente de crescimento, finanças e instituições do Banco Mundial.

O FMI, o BIS e o Banco Mundial prepararam esse relatório em conjunto para uma reunião do G20 na Itália, que juntou os ministros das finanças e autoridades de bancos centrais das maiores economias do mundo. “As CBDCs têm o potencial de aumentar a eficiência dos pagamentos internacionais”, destacou o estudo.

Principais economias discutem criação de moedas digitais

O documento prevê a criação de uma estrutura de criptomoedas estatais na qual elas poderiam ser trocadas instantaneamente em qualquer momento e lugar no mundo. Essencialmente, trata-se de um projeto para a digitalização do dinheiro e desenvolvimento de um sistema de pagamentos universal.

Da mesma forma que os bancos centrais oferecem acordos diretos de trocas entre si (para garantir, por exemplo, que dólares americanos estejam prontamente disponíveis), as moedas digitais poderiam oferecer os mesmos serviços aos usuários do varejo.

China tem iuan digital operando e é líder no desenvolvimento de uma CBDC (Imagem: Eric Prouzet/Unsplash)

China tem iuan digital operando e é líder no desenvolvimento de uma CBDC (Imagem: Eric Prouzet/Unsplash)

As maiores economias do mundo já estão desenvolvendo ou pesquisando moedas digitais de bancos centrais. A China está com seu iuan digital operando, na vanguarda das CBDCs. A União Europeia discute a possibilidade de um euro digital, enquanto países como a França já pensam em uma criptomoeda própria. O Federal Reserve (Fed), ainda se demonstra resistente à criação de um dólar digital, mas a possibilidade segue em pauta no congresso americano.

Porém, também há riscos

Porém, os órgãos internacionais reconhecem também que existem diversos riscos na implementação de CBDCs na economia global. O relatório para o G20 observou que os controles cambiais e a independência da política monetária em alguns regimes de bancos centrais podem ser minados pela redução das barreiras à substituição de moeda.

O documento também alertou que transações internacionais mais fáceis podem ajudar atividades criminosas. Outra preocupação é sobre a privacidade e dados dos usuários, que não podem ser expostos na rede. Por isso, é consenso mundial que o novo sistema financeiro digitalizado deverá incluir as mais completas regulamentações e ferramentas para evitar todos esses problemas.

Gill, do Banco Mundial, disse que os riscos são particularmente pronunciados para os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento, observando que as questões regulatórias e de política “exigirão muito trabalho”. Além disso, o relatório enfatizou que seu foco principal é estudar as implicações internacionais dessa tecnologia, deixando a cargo de cada país decidir os prós e contras de emitir CBDCs.

Com informações: CoinDesk

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

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