Google terá relatório de transparência para anunciantes nas Eleições 2022

Relatório de transparência do Google pode revelar nome do anunciante e valor gasto com propagandas políticas para as próximas eleições no Brasil

Pedro Knoth
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Google vai produzir um relatório de transparência sobre financiamento de anúncios nas eleições de 2022 (Imagem: Leandro Neumann Ciuffo/Flickr)

O Google Brasil deve lançar um relatório de transparência de anunciantes até as eleições presidenciais de 2022. A informação foi revelada nesta terça-feira (17) por Marcelo Lacerda, diretor de relações governamentais da empresa, em audiência pública do grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que analisa o chamado Projeto de Lei das Fake News (PL 2630/20).

Google pode revelar gasto com anúncios políticos em 2022

O relatório de transparência para anunciantes já é feito em outros países, como os EUA e a Austrália. Contudo, a iniciativa seria inédita ao Google no Brasil, onde a companhia está presente desde 2005,.

Conforme apurou a reportagem do Tecnoblog, o projeto ainda não definiu se o recorte será específico ao Brasil, ou se a plataforma pretende trazer o modelo de relatórios de transparência de países no exterior.

Caso o modelo seja espelhado em países como os EUA, o relatório de transparência de anúncios políticos para as eleições 2022 pode informar dados como o nome das empresas responsáveis por veicular propagandas políticas na plataforma, o custo por anúncio e até a região que recebeu o impulsionamento do conteúdo — no exemplo americano, o Google tem uma lista de estados e distritos que mais gastaram com publicidade.

Receita de anúncios no Google cresce 70% no 2º trimestre

Os anúncios são uma das jóias da coroa do Google, principalmente quando se trata da receita da companhia: a Alphabet Inc, holding financeira do buscador, diz que receitas com anúncios na ferramenta cresceram 70% — chegaram a US$ 50,4 bilhões — durante o segundo semestre de 2021. Só no YouTube, o faturamento cresceu 87%.

Receita com anúncios no Google gerou faturamento 70% maior em 2021 para a Alphabet Inc. (Imagem: Christian Wiediger/Unsplash)

Antes de revelar sobre o relatório de transparência das eleições, Marcelo Lacerda disse aos deputados do Congresso que as ferramentas de busca e publicidade do Google Brasil beneficiaram 200 mil empresas e movimentaram R$ 67 bilhões em atividade econômica em 2020.

“A internet é, como podemos ver, cada vez mais uma propulsão da atividade econômica, e é por isso que precisamos preservar esse ecossistema benéfico. Ao mesmo tempo, óbvio, precisamos protegê-lo desses atores que, de má fé, tentam burlar o sistema”, continuou o executivo.

PL prevê que plataformas informem CNPJ anunciantes

O grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que ouviu o executivo do Google discute justamente sobre aprimoramentos ao PL das Fake News, que propõe uma série de medidas para conter a circulação de desinformação em redes sociais e plataformas, como Facebook e YouTube, e aplicativos de mensagem privada, como o WhatsApp.

O projeto de lei tem trechos específicos dedicados a anúncios políticos. Em um deles, no artigo 15, está previsto que provedores de redes sociais que impulsionam conteúdo relacionado às eleições devem fornecer CNPJ ou CPF da empresa que veicula a propaganda, o valor e o tempo em que a publicação esteve no ar dentro do site. As empresas devem ainda informar o “público-alvo” das peças publicitárias.

Enquanto o PL segue em tramitação no Congresso, os mecanismos de receita por anúncio e outros meios nas plataformas como YouTube e Facebook vêm sendo discutidos dentro da Justiça no Brasil. Na noite de segunda-feira (16), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou a suspensão do pagamento das plataformas a canais bolsonaristas investigados por espalharem desinformação.

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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