PF deflagra nova operação contra pirâmide de bitcoin de Cabo Frio

Operação Kryptos 2 busca dois homens associados à pirâmide financeira de bitcoin (BTC) sediada em Cabo Frio e liderada por Glaidson dos Santos, preso no final de agosto

Bruno Ignacio
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• Atualizado há 6 meses
Polícia Federal (Imagem: André Gustavo Stumpf/Flickr)

A Polícia Federal (PF), em conjunto com a Receita Federal, deflagaram nesta quinta-feira (09) a segunda fase da operação Kryptos, que visou o esquema de pirâmide financeira de bitcoin (BTC) liderada por Glaidson Acácio dos Santos, preso durante uma força-tarefa na primeira etapa em 25 de agosto. Hoje, a polícia cumpre dois mandados de prisão preventiva e outros dois de busca e apreensão contra associados à fraude.

A operação Kryptos alega que o esquema ilegal liderado por Glaidson teria movimentado R$ 38 bilhões desde 2016 através da suposta empresa de investimentos GAS Consultoria Bitcoin, sediada em Cabo Frio. A segunda fase deflagrada hoje, batizada de Kryptos 2, busca João Marcus Pinheiro Dumas Viana e Michael de Souza Magno, ambos ligados ao esquema e a Glaidson.

Enquanto uma das equipes realizou a busca em Cabo Frio, outra foi enviada para a Península, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Segundo os investigadores, eles seriam os operadores financeiros do chefe da quadrilha. Michael sugeriu que Glaidson deixasse o país o mais rápido possível, conforme revelou uma escuta telefônica autorizada pela justiça.

Durante esta manhã, uma das equipes vasculhou um apartamento no Edifício Mandarim, um condomínio na Barra da Tijuca. Lá, a PF encontrou apenas documentos e até o momento nenhum dos dois investigados foi preso. 

Glaidson prometia investimentos em bitcoin

Bitcoin retoma US$ 50 mil (Imagem: Roy Buri/Pixabay)
Bitcoin (Imagem: Roy Buri/Pixabay)

Glaidson foi preso em 25 de agosto. A primeira fase da operação Kryptos o localizou em sua casa de luxo, em outro condomínio na Barra da Tijuca. Na ocasião, a PF também apreenderam mais de R$ 15 milhões em dinheiro vivo na mansão do criminoso. Além disso, também foram confiscados 591 bitcoins, que equivalem a cerca de R$ 150 milhões, e 21 carros de luxo.

As investigações apontam que ele era o chefe do esquema de pirâmide financeira que operou pelo menos durante seis anos, desde 2016, movimentando cerca de R$ 38 bilhões neste período. Sua empresa, GAS Consultoria Bitcoin, oferecia lucros mensais de 10% a 15% ao supostamente alocar as aplicações de seus clientes na criptomoeda. 

Contudo, a Polícia Federal descobriu que o dinheiro nem sequer chegava a ser investido em bitcoin, mas sua maior parte era embolsado pela empresa e direcionado para contas pessoais dos envolvidos. A PF aponta que há suspeita de crimes contra o sistema financeiro, organização criminosa e lavagem de dinheiro. A Receita Federal afirmou em comunicado que “em um mercado volátil como o de bitcoin, uma promessa de rentabilidade fixa não é sustentável”. 

GAS Consultoria Bitcoin movimentou R$ 38 bilhões (Imagem:  Bermix Studio/ Unsplash)
GAS Consultoria Bitcoin movimentou R$ 38 bilhões (Imagem: Bermix Studio/ Unsplash)

“Se para todos os clientes houver promessa de rendimentos fixos, há uma pirâmide financeira em operação, cujo lucro virá dos aportes dos novos clientes, e não da própria natureza lucrativa das operações… Isso implica a necessidade de se expandir o esquema, encontrando novos clientes para pagar a rentabilidade aos antigos. Caso contrário, o sistema colapsa”

Afirmou a Receita Federal em comunicado

PF busca membros foragidos da quadrilha

O Ministério da Justiça ainda revelou que Glaidson investiu R$ 1,2 bilhão em criptomoedas que foram destinadas para contas próprias e para sua mulher e sócia Mirelis Zerpa, atualmente foragida. O dinheiro teria sido repassado também para outras quatro pessoas, incluindo Tunay Pereira Lima, apontado como um dos chefes da quadrilha.

Com informações: G1

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

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