Facebook investe US$ 50 milhões em metaverso e detalha próximos esforços

Executivos definiram dois fundos de investimento para reforçar parcerias com legisladores, especialistas e acadêmicos para criar o metaverso

Pedro Knoth
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• Atualizado há 1 ano e 6 meses
Oculus Quest 2
Oculus Quest 2, do Facebook; realidade virtual é vital ao metaverso (Imagem: Facebook/ Divulgação)

O Facebook anunciou nesta segunda-feira (27) que vai investir US$ 50 milhões na criação do metaverso: conjunto de espaços de realidade virtual onde pessoas poderão se conhecer e conversar, mesmo sem estarem juntas. O montante, de acordo com Andrew Bosworth, vice-presidente de Facebook Reality Labs, e Nick Clegg, vice-presidente de Assuntos Globais e Comunicação, será destinado a projetos de pesquisa externos durante dois anos.

Junto ao investimento, o Facebook também anunciou a criação de dois programas de pesquisa para fomento do metaverso: os Programas XR e Fundo de Pesquisa. Por meio deles, a rede social busca fortalecer laços com “parceiros na indústria, grupos de direitos civis, governos, organizações sem fins lucrativos e instituições acadêmicas”.

Os executivos Bosworth — que em breve vai assumir o posto de diretor-executivo de Tecnologia do Facebook — e Clegg também divulgaram que a empresa já tem alguns parceiros institucionais para ajudar na construção do metaverso.

A empresa fez uma parceria com a OEA (Organização dos Estados Americanos) — bloco legislativo de discussão jurídica que une países do continente americano — para treinar estudantes, criadores de conteúdos e donos de PMEs para se ajustarem à “economia digital” do universo do Facebook.

Definição do Metaverso

O metaverso, de acordo com o Facebook, será um mundo digital de realidade aumentada, onde usuários poderão se encontrar à distância pelas diversas plataformas e serviços do Facebook; ela quer a ajuda de legisladores, especialistas da indústria e acadêmicos para formular como será esse novo universo. Na nota, os executivos explicam as possibilidades do metaverso:

“Você poderá estar com seus amigos, trabalhar, jogar, aprender, comprar, criar e mais. Não é necessariamente sobre passar mais tempo online, mas tornar mais significativo o tempo que você está online”

Ainda segundo a nota, o Facebook não quer que o metaverso seja um mundo restrito ao seu próprio ecossistema, mas sim um produto que a companhia não pode desenvolver sozinha. “Assim como a internet, o metaverso existe independentemente de o Facebook estar lá ou não”, completam Bosworth e Clegg, que preveem uma demora de 10 a 15 anos para que produtos ligados ao novo ecossistema do Facebook “se tornem uma realidade”.

Privacidade é ponto-chave do metaverso, diz Facebook

Alguns dos pontos-chave que a empresa quer trabalhar junto a acadêmicos, porta-vozes da indústria e de governos:

  • Oportunidade econômica: segundo o Facebook, o metaverso deve impulsionar uma economia digital própria
  • Privacidade: a rede social quer minimizar a quantidade de dados coletados e construir tecnologias para que o uso de dados seja protegido, mantendo todo processo de tratamento transparente
  • Segurança e Integridade: aqui o Facebook define o uso de ferramentas que possam ser acionadas caso o usuário se sinta desconfortável dentro do metaverso
  • Equidade e inclusão: o metaverso deve ter tecnologias acessíveis a todos e com design inclusivo

Além da OEA, o Facebook vai colaborar com projetos de realidade virtual e storytelling que atuam com criadores de conteúdo na África, por meio do programa da rede social “Amplyfing African Voices”, e com mulheres e minorias que estejam em posições de liderança do setor de VR na Europa — a rede social vai colaborar com a iniciativa Women in Immersive Tech.

Ao definir fundos de investimento para o metaverso, o Facebook esclarece seus planos para o Facebook Reality Labs, que passou a contar com membros de outras redes sociais do grupo da empresa de Zuckerberg, como o Instagram.

Facebook vive turbulência por escândalos

O momento, contudo, é delicado para a empresa. Na semana passada, dois processos de acionistas vazados à imprensa revelam acusações de que os executivos do Facebook blindaram Mark Zuckerberg do escândalo da Cambridge Analytica.

Após o vazamento de dados de 87 milhões de usuários, Zuckerberg teria sido posto como suspeito em uma investigação da FTC (Federal Trade Comission), mas funcionários de alto escalão resolveram pagar “extra” em multa aplicada pelo órgão para evitar que o CEO fosse investigado.

Além disso, o WSJ obteve relatórios internos do Facebook que apontam para a existência de um departamento de “XCheck” ou “Cross Check” que dá tratamento privilegiado a contas de famosos e figuras proeminentes em relação a usuários “comuns”. A rede social também estaria ciente de que o Instagram é tóxico para garotas adolescentes. O escândalo fez com que Adam Mosseri, CEO do Instagram, suspendesse o “Instagram Kids”

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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