Pix tem recorde de transações em meio a vazamento de chaves

Na sexta (1), o Pix ultrapassou a marca de 40,8 milhões de transações feitas em um único dia, de acordo com o Banco Central

Pedro Knoth
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Pix (Imagem: Divulgação/Banco Central)

O Pix se tornou o queridinho dos brasileiros na hora de pagar ou transferir dinheiro. Na sexta (1), a ferramenta do Banco Central bateu recorde de operações financeiras realizadas em um único dia. Foram mais de 40 milhões de pagamentos instantâneos efetuados, e um montante de mais de R$ 26,8 milhões movimentados. Na quinta-feira (30), o BC comunicou o vazamento de 395 mil chaves de Pix, uma brecha que veio do Banese.

No dia em que o Pix foi lançado em fase restrita pelo Banco Central, 3 de novembro de 2020, a instituição registrou 2.345 transações usando a ferramenta. Na sexta, o Pix bateu o recorde de pagamentos feitos em um único dia, com 40.881.959 operações. Antes, a maior marca havia sido registrada em 6 de agosto deste ano, com 40.461.988 pagamentos únicos.

Brasileiros transferem em média R$ 656 por Pix

Na data em que bateu o recorde, brasileiros transferiram em média R$ 656,21 por Pix. Segundo dados do Banco Central, a maioria das chaves usadas para autorizar operações é de natureza aleatória, ou seja, quando o usuário cadastra uma sequência de números e letras singular para cada transferência feita.

Em segundo lugar na popularidade estão as chaves que usam o CPF, e em terceiro as que usam o número de celular. No total, o BC já registra mais de 300 mil senhas para transações do Pix.

O crescimento da ferramenta de pagamento instantâneo vem, contudo, com suas desvantagens: recentemente, o BC informou que 395 mil chaves do Pix foram vazadas por uma brecha de segurança no Banese (Banco do Estado de Sergipe S.A). Apesar do motivo do vazamento ainda estar sendo averiguado, a suspeita é de que os dados foram vazados por meio de phishing em duas contas do banco sergipano.

A Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) abriu uma investigação preliminar para apurar a responsabilidade do Banese pelo vazamento. Segundo o órgão, a brecha de segurança pode ter exposto os dados pessoais de usuários com contas no banco, tais como CPF.

Contas PJ são minoria, mas transferem 36% do valor

Mesmo com o vazamento, o BC diz que nenhum dado de natureza sensível foi exposto: não foram expostas senhas, dados e histórico de movimentações, assim como extrato bancário dos clientes. O órgão considera que o potencial impacto sobre usuários é baixo.

Ainda de acordo com dados do BC, a maioria esmagadora das contas que transferiu dinheiro por Pix no mês de setembro são de pessoas físicas. São mais de 205 milhões de contas PF, o que corresponde por 95,86% de todos os usuários cadastrados na plataforma. Não é de se surpreender, portanto, que 74% das transferências em setembro seja P2P — de pessoa para pessoa.

Contas de pessoa física entram na nova regra do Banco Central de limite de R$ 1.000 para o Pix no período noturno, entre 20h e 6h. Mas dados da própria entidade revelam que o horário de pico de transações no último mês é entre 11h e 12h. O novo teto de transferência entra em vigor a partir de hoje.

Contudo, transações B2B — de empresa para empresa — têm maior participação no total quando o assunto é o valor transferido por Pix. Operações desse tipo equivalem a 36% de todos os Pix feitos em setembro, comparado com as transferências P2P, que correspondem a 41%.

Projetos de lei querem suspender Pix

O Pix também vem se tornando alvo de alguns projetos de leis de políticos que querem suspender o meio de pagamento sob justificativa de proteção aos usuários.

O deputado federal Alexandre Frota (PSDB) quer banir o Pix até que o Banco Central apresente uma proposta de regulamentação de pagamentos instantâneos. Para o parlamentar, a moda de sequestro relâmpago com Pix substituiu o que chamou de “saidinha do banco”, quando ladrões esperam a vítima terminar de sacar no caixa eletrônico de agências bancárias.

Outro PL para suspender o Pix veio do deputado estadual de São Paulo, Paulo Campos Machado (Avante). Ele, por sua vez, quer banir a ferramenta no estado até que o BC envie um laudo técnico com medidas de segurança contra fraudes e furtos que usam o Pix. Para Campos Machado, o Pix virou “tentação de bandido”.

Colaborou: Everton Favretto

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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