Facebook recruta advogado de Britney Spears contra série polêmica de TV

Facebook avisa produtora Anonymous Content que tomará medidas judiciais se série Doomsday Machine, que conta bastidores da rede, tiver representações falsas

Giovanni Santa Rosa
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Mark Zuckerberg, CEO do Facebook (Imagem: Anthony Quintano/Flickr)

Cercado de críticas e com uma imagem cada vez mais negativa, tudo que o Facebook não quer neste momento é uma série de TV contando os bastidores da rede social durante um episódio polêmico. E a empresa está disposta a processar quem for levar essa ideia adiante, como é o caso da produtora Anonymous Content.

De acordo com uma reportagem do site Deadline, a companhia comandada por Mark Zuckerberg decidiu ir atrás dos responsáveis pela série Doomsday Machine.

Para isso, o Facebook contratou Mathew Rosengart, advogado que esteve nos holofotes recentemente por ajudar a cantora Britney Spears no processo para se livrar da curatela do pai, Jamie Spears. Entre seus clientes, também estão os atores Sean Penn, Julia Louis-Dreyfus e Eddie Murphy e o cineasta Steven Spielberg.

Doomsday Machine será baseada no livro An Ugly Truth, escrito por Cecilia Kang e Sheera Frenkel e lançado em 2021. A série contará como a plataforma lidou com as campanhas de desinformação durante as eleições americanas de 2016 e as investigações sobre a interferência russa no pleito explorando as redes sociais.

Outras controvérsias recentes também serão abordadas, como o programa XCheck, que supostamente permitiria que celebridades e figuras de destaque não estejam sujeitas à moderação de conteúdo da plataforma. O drama será ficcionalizado, com a atriz Claire Foy (a jovem rainha Elizabeth II em The Crown) no papel de Sheryl Sandberg, diretora de operações da empresa.

App do Facebook (Imagem: Thomas Sokolowski/Unsplash)
App do Facebook (Imagem: Thomas Sokolowski/Unsplash)

Na carta obtida pela reportagem, Rosengart diz que o Facebook tem muito respeito pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que defende a liberdade de expressão, mas alerta que ela não protege de declarações ou representações falsas.

O advogado afirma que a empresa está disposta a trabalhar com os produtores para garantir que o projeto seja verdadeiro e preciso e que, caso a produtora faça uma série com caracterizações falsas, a companhia tomará todas as medidas legais cabíveis. Como nota o Verge, porém, não se sabe de nenhuma ação que tenha sido tomada contra o livro An Ugly Truth ou as autoras.

Zuckerberg chama Facebook Papers de “ação coordenada”

Uma série com bastidores da rede social viria em um momento em que o Facebook já vive turbulências na opinião pública. Nos últimos meses, documentos vazados pela ex-funcionária Frances Haugen mostraram que a companhia tem ciência dos danos que causa a adolescentes e jovens mas opta por não tomar nenhuma medida para não prejudicar seus lucros.

Ícone do Facebook
Ícone do Facebook (Imagem: Brett Jordan/Unsplash)

Nesta segunda-feira (25), um consórcio de 17 veículos de imprensa dos Estados Unidos começou a publicar uma série de reportagens com base em mais documentos revelados por Haugen. O lote vem sendo chamado de Facebook Papers.

Entre as primeiras revelações, estão a insuficiência da inteligência artificial para dar conta da moderação de conteúdo, a falta de ação da empresa para coibir atividades criminosas no México, no Oriente Médio e na Etiópia, e a amplificação de conteúdos “raivosos” pelo algoritmo do feed de notícias.

Em uma chamada com investidores também nesta segunda (25), Zuckerberg disse que a companhia está aberta a críticas para melhorar seus produtos, mas chamou os Facebook Papers de uma ação coordenada com base em informações parciais e enviesadas para pintar um quadro negativo sobre a empresa.

O executivo também afirmou que é favorável a uma regulamentação das redes sociais, definindo limites para o que é permitido e como deve ser feita a moderação de conteúdo.

Com informações: Deadline, The Verge.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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