Amazon AWS abre centro de computação quântica e tem brasileiro como líder

AWS quer desenvolver computador quântico tolerante a falhas; unidade tem ex-professor da UFMG como um dos líderes

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 4 meses
Invólucro do processador quântico da AWS (imagem: divulgação/Amazon)
Invólucro do processador quântico da AWS (imagem: divulgação/Amazon)

O assunto computador quântico talvez te faça pensar nos projetos do tipo mantidos por companhias como IBM, Intel e Google. Mas a Amazon também está por dentro desse movimento: a AWS (Amazon Web Services) inaugurou recentemente um centro de computação quântica em Pasadena, Califórnia.

De acordo com a companhia, a nova unidade foi inaugurada com o propósito de possibilitar que um computador quântico tolerante a falhas seja construído. Para tanto, o local abriga laboratórios e uma diversidade de ferramentas para que equipes de pesquisa quântica possam trabalhar na iniciativa.

A AWS explica ainda que o projeto é focado em “qubits supercondutores”, ou seja, terá seus circuitos formados por materiais com supercondutividade para corrente elétrica. Essa abordagem deve permitir que o computador quântico tenha níveis de frequência (clock) mais elevados na comparação com outras modalidades.

Para quem está por fora do assunto, eis uma rápida explicação: qubit é uma simplificação de “bit quântico”. A computação tradicional tem como base o bit (lógica binária), que representa o valor 0 ou 1 no modelo simbólico criado para facilitar a nossa compreensão. Já um qubit pode assumir 0, 1 ou uma superposição de ambos os valores.

Em tese, essa lógica permite a um computador quântico resolver em minutos ou segundos problemas de áreas como inteligência artificial que, de tão complexos, demandariam até anos para serem solucionados pela computação tradicional.

É por isso que boa parte dos projetos de computação quântica, se não todos, têm o aumento do número de qubits como um de seus objetivos. No entanto, a AWS explica que a qualidade dos qubits é tão ou mais importante: “construir um computador quântico útil é mais do que aumentar o número de qubits”.

O centro de computação quântica da AWS tem justamente a meta de criar qubits melhores. Para isso, os trabalhos são orientados para a redução de falhas em nível físico e a criação de arquiteturas de qubit inovadoras, que incluem mecanismos de correção de erros quânticos (QEC, na sigla em inglês), por exemplo.

Centro de computação quântica da AWS (imagem: divulgação/Amazon)
Centro de computação quântica da AWS (imagem: divulgação/Amazon)

Brasileiro lidera centro de computação quântica

A própria AWS admite que “construir um computador quântico tolerante a falhas, naturalmente significa que haverá desafios científicos e de engenharia significativos”. Essa é uma das razões pelas quais o centro de computação quântica foi instalado no campus do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech).

Não por acaso, a nova unidade da AWS é liderada por dois físicos que dão aula na instituição. Um é o professor de física aplicada Oskar Painter. O outro é o professor de física teórica Fernando Brandão.

Brandão é um brasileiro que, antes de ingressar na AWS, trabalhou com computação quântica no Google e na Microsoft. No Brasil, ele foi professor do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais.

Além de contar com especialistas em computação quântica e áreas relacionadas, o novo centro da AWS oferecerá bolsas de estudo e oportunidades de estágio para estudantes da Caltech.

A divisão de computação quântica da Amazon tem também dezenas de vagas de trabalho em aberto.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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