TIM vê dificuldades em 5G ilimitado e quer usar frequências do leilão no 4G

Tele irá usar faixa de 2,3 GHz com 4G e diz que frequência 26 GHz é uma "aposta"; TIM critica operadoras dos EUA que fazem publicidade de planos ilimitados

Lucas Braga
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TIM estreia 5G em Curitiba (Foto: Paulo Higa)

O leilão do 5G finalmente ocorreu e as operadoras aguardam a liberação das frequências por parte da Anatel para comercializarem o serviço. Com compromisso de cobertura para instalar a quinta geração em todas as capitais brasileiras até julho de 2022, a TIM não enxerga a possibilidade de lançar planos de internet ilimitada como em outros países. A operadora também revelou a estratégia de espectro, com uso da faixa de 2,3 GHz com 4G.

A operadora foi questionada sobre o modelo de negócios em uma coletiva de imprensa. Quase todos os planos de celular vendidos no Brasil possuem limite de franquia, enquanto operadoras de outros países já oferecem uso ilimitado.

O CEO da operadora, Pietro Labriola, afirma não enxergar a possibilidade de ter uma oferta sem limites no Brasil. O executivo criticou o modelo de negócios das operadoras dos Estados Unidos, com publicidades que prometem uso ilimitado mas aplicam políticas de uso que reduzem a velocidade após o usuário ultrapassar determinada quantidade de internet:

“No Brasil eu não posso ter uma oferta ilimitada se ela não é verdadeiramente ilimitada. É muito mais marketing comunicando o que não é verdade. Qual é o fair usage, o uso correto para definir quando posso parar a navegação?”
Pietro Labriola

O diretor de tecnologia da TIM, Leonardo Capdeville, também lembrou que as operadoras americanas costumam fazer planos ilimitados mas que impedem ou limitam a utilização do smartphone como roteador. A TIM também não revelou se cobrará mais caro pelo acesso à rede 5G, ao contrário do que prometeu a Vivo.

2,3 GHz será usado no 4G e mmWave fica para depois

Durante o leilão do 5G, a TIM comprou 40 MHz de capacidade na frequência de 2,3 GHz para atuar na região Sul e no Sudeste (exceto São Paulo e áreas da Algar). A operadora considera o espectro como “oportunístico” e concentrou o arremate nas áreas com forte atuação.

Capdeville afirmou que a frequência de 2,3 GHz deverá ser usada para complementar a rede 4G, mas futuramente pode ser deslocada para o 5G caso a frequência de 3,5 GHz fique mais ocupada.

Com relação a faixa de 26 GHz, a TIM mantém cautela. “Dificilmente essa frequência vai ser utilizada para uma cobertura ampla, estamos falando de poucas centenas de metros. Mas se estamos pensando em hotspots, redes privativas, solução ponto a ponto, servindo como backhaul depois que o 5G vai ter amplitude de cobertura, podem ser encontrados nichos de aplicação que viabilizem o espectro”, diz Capdeville.

A operadora considera a frequência de ondas milimétricas como uma “aposta”, mas que não foi feita sem fatos e dados e que ainda há dúvida do que fazer com a faixa de 26 GHz num curto prazo.

A cautela da operadora com a frequência foi percebida no próprio leilão da Anatel. A TIM arrematou apenas um bloco nacional enquanto Claro e Vivo levaram dois e três blocos, respectivamente. A operadora italiana também adquiriu capacidade extra nas regiões Sul e Sudeste.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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