Anatel cogita seguir EUA com tecnologia para barrar fraude em ligações

Tecnologia STIR/SHAKEN é feita para identificar chamadores e criminosos que se passam por empresas em golpe conhecido como spoofing

Pedro Knoth
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Celulares roubados são porta para fraudes financeiras (Imagem: Gilles Lambert/Unsplash)

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) vai se reunir com representantes de algumas das principais empresas de telecomunicações do Brasil e especialistas do setor para discutir a implantação da tecnologia STIR/SHAKEN. Já presente nos Estados Unidos, ela é capaz de barrar as chamadas de telefone fraudulentas — conhecidas como spoofing. Aqui, a prática é comum especialmente para os criminosos que se passam por porta-vozes de empresas, como as próprias operadoras, ou até bancos.

Na quinta-feira (16), a Anatel vai se reunir com representantes das operadoras para avaliar a implementação da STIR/SHAKEN no Brasil. No evento, a agência espera ouvir sobre a experiência de outros países ao adotar a tecnologia, e sobre os principais desafios para adotá-la no país.

Foram convidados para o evento representantes da Arquia Datora (ex-Vodafone Brasil), Cleartech e TIM. A reunião (via Microsoft Teams) será aberta a todos os interessados.

Recentemente, a Anatel aprovou uma proposta para diminuir o spam de ligações de telemarketing. Agora, esse tipo de serviço terá que usar o prefixo 0303, o que leva o usuário a reconhecer o tipo de chamada e optar por atender ou não.

Anatel quer combater spoofing… mas o que é isso?

A adoção da tecnologia STIR/SHAKEN por operadoras brasileiras é mais um passo para identificar o autor da ligação.

Geralmente, o spoofing consiste em um chamador desconhecido se passando por um número de uma empresa oficial. A prática difere de golpes por WhatsApp ou contas falsas de redes sociais que se passam por bancos como Nubank, Itaú, Bradesco e outros.

Nesses casos, é mais fácil perceber que é uma armação porque, geralmente, um erro de digitação ou número incomum acaba dando a pista de que aquele contato foi feito por um criminoso, e não por um representante oficial da empresa.

Spoofing é mais difícil de perceber, pois não existe jeito fácil de identificar um chamador desconhecido, coisa que se tornaria uma realidade com o STIR/SHAKEN. Pode até parecer, pelo código, que é apenas um mecanismo para prevenir fraudes em ligações, mas, na verdade, são duas tecnologias separadas.

STIR/SHAKEN já está presente nas operadoras dos EUA

A STIR vem do termo Secure Telephony Identity Revisited (identidade segura de telefonia revisitada, em tradução simples). É um mecanismo que identifica o chamador em diversos pontos da ligação, desde o começo da chamada até quando a pessoa desliga. Desta forma, se ela for transferida — para uma outra linha fraudulenta — será possível saber quem está por trás da ligação. Essa tecnologia foi desenvolvida pensando em proteger o usuário de ligações ilegais pelo VoIP — voz sobre IP.

Fachada de loja da AT&T. Foto: Tdorante10/Wikimedia Commons
AT&T afirma que bloqueia mais de 1 bilhão de ligações automatizadas por mês (Imagem: tdorante/ Wikimedia Commons)

Já a SHAKEN serve a um propósito parecido com a STIR, mas foi feita para ligações que usam a linha telefônica. Sendo assim, o chamador é identificado por meio de tokens de segurança. Pela STIR/SHAKEN, a operadora pode identificar se o chamador tem autorização para usar aquele número que está ligando.

Nos Estados Unidos, as maiores operadoras do país, como a T-Mobile, Verizon e AT&T já utilizam a STIR/SHAKEN desde junho de 2021. A FCC (Federal Communications Commission), responsável por regulamentar o setor de telecomunicações, obrigou as maiores empresas do setor a implantarem a tecnologia para ligações.

Segundo a T-Mobile, 89% das ligações cobertas pelo plano da operadora incluem a tecnologia STIR/SHAKEN. Já a AT&T comunicou ao mercado que bloqueia mais de 1 bilhão de robocalls por mês — são ligações que usam softwares para simular atendentes ou que levam a uma linha ilegal e que podem ser usadas para spoofing.

Sem dúvidas, para que a moda pegue no Brasil, Claro, Oi, Vivo e TIM teriam de adotar a STIR/SHAKEN para a maioria de suas chamadas. Especialmente com a maior cobertura de rede por todo país na esteira do leilão de 5G, a medida seria bem-vinda para conter o aumento de golpes por telefonia.

Com infomações: Anatel, The Verge, Hiya

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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