Empresa de blockchain quer comprar bolsa de valores de Gibraltar

Gibraltar quer se livrar da fama de paraíso fiscal e reforçar pioneirismo na regulamentação de criptomoedas e blockchain com venda de bolsa de valores

Giovanni Santa Rosa
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• Atualizado há 7 meses
Criptomoedas (Imagem: WorldSpectrum/Pixabay)

Gibraltar é um pequeno território ultramarino britânico na costa sul da Espanha. Com população de pouco mais de 33 mil pessoas, a região deve ganhar mais atenção nos próximos meses, principalmente no mercado de criptomoedas. A Bolsa de Gibraltar pode ser comprada pela Valereum, empresa especializada em blockchain.

A proposta está sendo avaliada pelas autoridades regulatórias do território. Se o negócio for aprovado, a bolsa se tornará um hub para compra e venda de criptomoedas.

Gibraltar tem um PIB de 2,4 bilhões de libras, e o setor financeiro corresponde a cerca de um terço deste montante. Apenas 82 funcionários são responsáveis por supervisionar este mercado. Mesmo assim, o território regulamentou as criptomoedas em 2014 e já emitiu licenças para 14 companhias de criptomoedas e blockchain.

O pioneirismo chamou a atenção de Richard Poulden, que escolheu o local como sede da Valereum. O projeto quer fazer o meio de campo entre as criptomoedas e as moedas tradicionais. Por enquanto, a companhia tem apenas três funcionários, mas Poulden diz que o uso da tecnologia pode afastar pessoas mal-intencionadas.

Gibraltar quer espantar fama de paraíso fiscal

Gibraltar pode ser um território minúsculo, mas ele teve seus minutos de fama no mercado financeiro. A área tem fama de paraíso fiscal — e quer se livrar disso.

Criptomoedas (imagem:WorldSpectrum/Pixabay)
Criptomoedas (Imagem: WorldSpectrum/Pixabay)

Ao jornal The Guardian, Albert Isola, ministro de entidades e serviços digitais e financeiros de Gibraltar, diz que o território reformou suas políticas de compartilhamento de informações e seu sistema tributário ao longo dos últimos 20 anos.

Para Isola, a regulamentação do mercado de cripto deve garantir segurança para os investidores e afastar contraventores. Ele ressalta que Gibraltar é um dos poucos governos a tomar essa atitude.

Outros países podem impor sanções

Tudo isso é muito bonito na teoria, mas a prática pode ser bem diferente — e aí as coisas podem ficar bem feias para o lado de Gibraltar.

De acordo com especialistas ouvidos pelo Guardian, se alguma das empresas de criptomoedas licenciadas estiver envolvida com lavagem de dinheiro, mercado negro de criminosos ou cleptocratas, o país pode enfrentar sanções econômicas ou financeiras.

Foi o que aconteceu com Malta. Por ter práticas muito brandas contra lavagem de dinheiro, o pequeno país insular no Mar Mediterrâneo está na lista do Grupo de Ação Financeira Internacional (ou FATF, na sigla em inglês). O FATF é um conjunto informal que combate a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo. Estar na lista do órgão pode ter impactos na economia do país.

Isola, porém, diz que não é o caso. Ele questiona a falta de regulação de criptomoedas em outros países europeus e ressalta que, em três anos, só 14 companhias foram aprovadas, o que demonstraria o rigor do processo.

Com informações: The Guardian

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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