HDMI 2.1a vem para causar ainda mais confusão ao comprar TVs e monitores

Quando o HDMI 2.1a for lançado, as fabricantes de TVs e monitores serão obrigadas a usar a nova nomenclatura nos aparelhos, mesmo se as entradas não suportarem as tecnologias mais recentes de imagem

Murilo Tunholi
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Cabo HDMI (Imagem: Csaba Nagy/Pixabay)

Se você já achava o HDMI 2.1 difícil de entender, então prepare-se para ficar ainda mais confuso. Na CES 2022, em janeiro, o HDMI Forum vai apresentar um padrão inédito: o HDMI 2.1a. Essa nova conexão promete facilitar a vida dos consumidores na hora de comprar TVs. Porém, como estamos falando de HDMI, o resultado será exatamente o contrário.

Os padrões de HDMI nunca são simples de entender. Aqui no Tecnoblog, já mostramos, com casos comprovados, que o HDMI 2.1 é tão confuso quanto o suco que parece de limão e tem sabor de tamarindo. O pior é que essa confusão toda é causada pelo próprio órgão regulador HDMI Licensing Administration, que não sabe nem dizer de forma clara as diferenças entre HDMI 2.0 e 2.1.

Devido a essas informações ambíguas, aliadas à falta de uma regulamentação pesada, as fabricantes de TVs e monitores conseguem vender produtos com entradas HDMI 2.1 que, na verdade, são interfaces 2.0, mas com algumas tecnologias adicionais e capacidade maior de transferência de dados.

HDMI 2.1 promete otimizar HDR

Agora, com o HDMI 2.1a, o HDMI Forum quer separar ainda mais a versão 2.1 da 2.0. No entanto, isso não deve acontecer tão cedo, nem tão facilmente, porque a única diferença do novo padrão é a inclusão de um recurso chamado Source-Based Tone Mapping (SBTM) — ou Mapeamento de Tom Baseado na Fonte, em português.

Em resumo, o SBTM é uma tecnologia de HDR que delega parte do mapeamento de tons HDR para a fonte do conteúdo. Ou seja, em vez do display realizar todo o trabalho sozinho, alguns ajustes de imagem serão processadas pelo aparelho conectado ao painel, como um receptor de TV, um computador, entre outros.

A ideia é usar o SBTM para otimizar os conteúdos em HDR, sem substituir os recursos de Dolby Vision ou HDR10. Além disso, o recurso promete automatizar o processo de calibragem das imagens, fazendo com que os usuários não precisem mexer nas dezenas de ajustes nas configurações do painel.

Comparação de imagem sem SBTM (à esquerda) e com SBTM (à direita) (Imagem: Divulgação/HDMI Licensing Administrator)

Segundo o HDMI Forum, tanto as fabricantes de TVs e monitores quanto as desenvolvedoras de consoles e jogos poderão incluir suporte ao HDMI 2.1a por atualização de firmware. Contudo, se as empresas forem fazer isso, elas vão deixar de ganhar dinheiro. Por isso, é provável que o novo padrão só apareça em dispositivos que já o tenham incorporado de fábrica, no futuro.

HDMI 2.1a vai confundir ainda mais as pessoas

Na teoria, a inclusão do HDMI 2.1a parece ser um processo tranquilo, mas não é bem assim. Por mais que o padrão HDMI 2.1 exista, as fabricantes não são obrigadas pelas entidades regulamentadoras a incluir os recursos da versão 2.1 em suas interfaces HDMI. E o mesmo vai acontecer com o HDMI 2.1a.

Em outras palavras, a única exigência do HDMI Forum e do HDMI Licensing Administrator é que as empresas usem o nome da versão mais recente da interface nos seus produtos, sem levar em conta as tecnologias suportadas.

Isso significa que todos os painéis lançados em 2022 terão entradas HDMI 2.1 ou 2.1a. Essas portas, porém, não irão precisar suportar todas as tecnologias mais recentes, como transmissão de imagens em 4K a 120 Hz.

Como não dá mais para saber de forma objetiva se as entradas HDMI 2.1 são reais, é preciso ter muito cuidado e ler todos os detalhes das fichas técnicas na hora de comprar uma TV a partir de agora. Daqui a pouco, vamos precisar de um curso superior exclusivo para não sermos enganados pelas fabricantes.

Com informações: The Verge, HDMI.org.

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Murilo Tunholi

Murilo Tunholi

Ex-autor

Jornalista, atua como repórter de videogames e tecnologia desde 2018. Tem experiência em analisar jogos e hardware, assim como em cobrir eventos e torneios de esports. Passou pela Editora Globo (TechTudo), Mosaico (Buscapé/Zoom) e no Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. É apaixonado por gastronomia, informática, música e Pokémon. Já cursou Química, mas pendurou o jaleco para realizar o sonho de trabalhar com games.

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