Governo pode taxar produtos ilegais da China a pedido da Havan e Magalu

Com crescimento de Shopee e AliExpress, bilionários à frente de Havan e Magalu pedem ao governo federal para que produtos ilegais vindos da China sejam taxados

Pedro Knoth
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• Atualizado há 8 meses
AliExpress (Imagem: Divulgação)
Aplicativo do AliExpress (Imagem: Divulgação)

O governo Bolsonaro começou a se mobilizar para taxar produtos ilegais vindos da China. Quem coordena esse esforço é a dupla formada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Segundo a revista Veja, os dois querem tributar produtos ilícitos vindos do país asiático a pedido de varejistas brasileiras como Magalu e Havan.

Além do Magazine Luiza e da Havan, o movimento teria o apoio de outros bilionários donos de empresas nacionais, diz a reportagem.

Recentemente, o debate sobre a tributação de produtos vindos do exterior por meio de avião levou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), taxar com alíquota de 18% do ICMS sobre compras internacionais. Isso vale para empresas que não têm um centro de distribuição no Brasil, como a singapurense Shopee e chinesa AliExpress.

Shopee ganhou mais clientes em 2021, diz banco

A iniciativa de empresários locais quanto aos produtos ilegais vindos da China coincide com o crescimento da base de clientes da Shopee no Brasil.

Segundo analistas do Morgan Stanley, a varejista da Sea Group, empresa que é dona também da Garena — estúdio do popular jogo para mobile Free Fire — foi citada por 37% dos brasileiros entrevistados pelo banco americano como um destino de compras em 2021. Em comparação, a marca só era uma referência de compra para 6% dos consumidores em 2020.

Já analistas do banco Goldman Sachs esperam que a participação da Shopee no Brasil cresça até 20% nos próximos três anos. “Nós esperamos que ela permaneça relevante em 2022 à medida que continua a desenvolver sua presença e oferta de serviços”, disseram os pesquisadores.

As varejistas Americanas, Magalu e Via encolheram pelo menos 58% em 2021, em meio à perda de valor dos papéis das empresas na bolsa e o momento ruim vivido pela economia brasileira.

AliExpress prometeu abrir armazém no Brasil

Mas a competitividade mais intensa no setor do varejo também vem assustando os investidores das companhias. Além do crescimento da Shopee no Brasil, o AliExpress anunciou em 2019 que abriria um armazém em território nacional para despachar produtos da China.

Na época, Ken Huang, chefe do AliExpress no Brasil, disse que a logística era um dos principais desafios da empresa ao operar no país. O executivo chegou a citar a demora na entrega frente às concorrentes nacionais. Em paralelo, a companhia ainda depende de um armazém no aeroporto internacional de Guarulhos para enviar pacotes.

Luciano Hang, fundador e dono das Lojas Havan, chegou a sonegar impostos sobre encomendas vindas da China.

Segundo a subprocuradora-geral do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Ela Wiecko, a Havan importava caixas de produtos chineses, mas só pagava por uma única unidade. A procuradora chegou a descrever a empresa como uma “máquina de sonegar tributos”.

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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