Free Fire, Rise of Kingdoms e mais apps da China são banidos na Índia

Jogo da Garena e outros 53 aplicativos se juntam a TikTok e Xiaomi Video, suspensos pela Índia pela acusação de trocarem dados de usuários com Pequim

Pedro Knoth
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Free Fire (Imagem: Divulgação/Garena)

O governo indiano baniu os games para mobile Free Fire e Rise of Kingdoms, além de outros 52 aplicativos, por suspeitas de enviarem dados à China. O bloqueio foi efetuado por uma tensão geopolítica entre a Índia e o governo chinês, acusado de ameaçar a segurança nacional do país por meio dos apps. Juntos, eles se juntaram ao TikTok e ao Xiaomi Video, suspensos desde junho de 2020.

O Free Fire – Ilumina!, da Garena, parece ser o aplicativo mais popular na lista de bloqueios do governo indiano, divulgada nesta segunda-feira (14). O app foi removido tanto da App Store (Apple) quanto da Google Play Store.

Segundo o TechCrunch, o Google estaria obedecendo a uma ordem do Ministério de Eletrônicos e da Tecnologia da Informação, com base no Ato de TI aprovado em 2000 pelo governo indiano. Um porta-voz da companhia disse:

“Ao receber uma ordem interina que segue a Sessão 69A do Ato de TI, e seguir o processo estabelecido, o Google notificou os desenvolvedores afetados e temporariamente bloqueou o acesso aos aplicativos que continuavam ativos na Play Store da Índia.”

Outros apps bloqueados além do Free Fire incluem o Xriver, da Tencent, e os jogos para celular Onmyoji Arena, da chinesa NetEase. O game Rise of Kingdoms: Lost Crusade, também suspenso, **é produzido pela Lilith Games, baseada em Xangai, na China.

O entrave do governo indiano com esses e outros 300 apps suspensos desde a metade de 2020 se deve a uma disputa geopolítica. Na época, os dois países entraram em embate por uma disputa de fronteira que causou um incidente, deixando quatro militares chineses e 20 indianos mortos.

Índia corresponde a 53% dos jogadores de Free Fire

A medida do governo da Índia surpreendeu a equipe de desenvolvedores da Garena no país. A filial estava em busca de acordos com produtoras de eventos para atrair mais usuários e influenciadores ao Free Fire, conforme a informação de uma fonte ouvida pelo TechCrunch. De acordo com a consultoria App Annie, 53% dos jogadores que entraram no jogo em janeiro vieram da Índia.

A SeaGroup, dona da Garena, vinha testando seu e-commerce, a Shopee, no país do sul asiático. Mas um dos principais investidores da empresa é a Tencent, o que pode ter motivado o banimento.

O governo indiano não se posicionou sobre o banimento de apps desta segunda-feira. Em outras ocasiões, quando efetuou medidas semelhantes, fontes oficiais disseram que os programas compilavam, minavam e perfilavam usuários, oferecendo risco à segurança nacional.

Bandeira nacional da Índia (Imagem: Sanyam Bahga/Flickr)
Índia baniu permanentemente o TikTok em junho de 2020; 300 apps suspeitos de espionagem chinesa foram bloqueados (Imagem: Sanyam Bahga/Flickr)

Quem fica de fora do mercado indiano perde o país que mais baixa aplicativos no mundo: a App Annie mostra que indianos baixaram 25 bilhões apps em 2021. Em comparação, o Brasil aparece em terceiro lugar nessa lista, com mais ou menos 10 bilhões de downloads.

Outros países rivais da China, como a Coreia do Sul e Estados Unidos, aproveitaram a postura anti-China do governo indiano para fortalecer sua presença no setor de Tecnologia no país. Com uma base imensa de usuários, a Índia tem sido o foco de crescimento de firmas estrangeiras na região.

Na contramão, apenas um punhado de companhias indianas operam na China. A ByteDance, fundadora do TikTok, demitiu a maioria dos funcionários na Índia depois que o governo preferiu manter o banimento da plataforma no país, efetuado em junho de 2020.

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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