Nova etapa do open banking vai além do Pix para pagamentos em lojas

No cronograma do Banco Central, 3ª fase do open banking ainda prevê pagamento de boletos em estabelecimentos não financeiros

Pedro Knoth
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Notas de real (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

O Banco Central inaugurou uma nova etapa da 3ª fase do open banking, sistema que promete descentralizar o mercado financeiro. Desde terça-feira (15), os bancos devem permitir que lojas usem duas alternativas ao Pix como forma de pagamento. E, no futuro, está previsto o pagamento de boletos em estabelecimentos comerciais.

Open banking além do Pix

Os bancos participantes do open banking tinham até esta semana para receber uma certificação do BC. Ela consiste na permissão para que vendedores e comerciantes operem com o sistema financeiro daquela empresa ao iniciarem transações.

O que isso significa? Os comércios já incluem o Pix como opção de transação; daqui em diante, eles também poderão usar TED e transferências entre contas da mesma instituição financeira. É o que explica Fábio Lins, executivo do Banco Original, em entrevista ao Tecnoblog.

“Os canais tendem ao infinito, desde o supermercado até o WhatsApp”, disse Fábio. Comércios e varejistas vêm atraindo consumidores com descontos por meio do pagamento à vista com o Pix – que pode ser usado fora do horário comercial, diferentemente de TED.

Esta é uma opção adicional para as lojas, e em alguns casos, o TED custa menos por transação – afinal, o Pix não é necessariamente gratuito para pessoa jurídica.

Entretanto, quando se trata da transferência entre bancos, TED e DOC não devem ficar gratuitos por conta do open banking, segundo o executivo do Banco Original:

“Neste momento não vejo que o TED ou DOC se tornem gratuitos por conta do Open Banking, até porque utilizam uma plataforma tecnológica mais antiga e demoram mais para serem efetivados na conta do cliente, diferente do Pix cuja tecnologia é mais recente o que permite instantaneidade e alta disponibilidade.”

O cronograma do BC possui duas fases que se desenrolam ao mesmo tempo. A 3ª fase consiste em obrigações para serviços de bancos; enquanto isso, a 4ª fase nos traz o open finance – isto é, engloba serviços como operações de câmbio, seguros e previdência complementar.

Pagamento de boletos fora dos bancos

boleto bancário
Boleto bancário poderá ser pago em lojas, de acordo com cronograma do open banking (Imagem: Tecnoblog/ Reprodução)

Falando da 3ª fase, tem algumas novidades bem legais que chegarão em breve:

  • até 30 de março de 2022: será possível encaminhar propostas de operação de crédito de um banco para outro;
  • até 30 de junho de 2022: será possível fazer pagamento de boletos em lojas;
  • até 30 de setembro de 2022: lojas poderão realizar pagamentos usando o sistema de débito em conta dos bancos, além de Pix e TED.

No final de junho, o boleto irá funcionar da mesma forma que Pix, TED e DOC. Ou seja, qualquer estabelecimento com autorização poderá iniciar o pagamento de um boleto.

“Funcionará assim: você está no caixa do supermercado e fará o consentimento para que este pague o seu boleto diretamente no banco de sua preferência, obviamente é necessário que a sua conta apresente saldo ou limite de cheque especial”

Fábio Lins, do Banco Original

O mesmo sistema será implementado para compras a partir do débito em conta, a partir de 30 de setembro.

Implementação do open banking acaba em 2022

E em se tratando da 4ª fase, ela é dividida em duas etapas. Uma delas começou em dezembro de 2021, e envolve o compartilhamento de dados sobre produtos e serviços como previdência privada, seguros e câmbio.

Ou seja, o cliente já pode receber informações vindas de outras instituições financeiras sobre taxas de conversão de moeda, franquia, rentabilidade, entre outros.

Então, em maio de 2022, as instituições financeiras poderão ir além e compartilhar dados de transações dos clientes.

Para que o compartilhamento ocorra, é necessária a autorização do cliente. Todos os bancos e demais empresas devem obtê-la antes de avançar com os passos do open banking. Por exemplo, clientes devem permitir ou não a troca de dados relacionados às transações de investimentos.

O BC deve finalizar a implementação do open banking em 2022, mais de dois anos após o pontapé inicial do sistema de compartilhamento de informações entre bancos, em maio de 2020, junto ao Conselho Monetário Nacional (CMN).

No decorrer das quatro etapas, o BC prometeu um sistema de troca de informações entre agentes financeiros capaz de desburocratizar e facilitar a vida do correntista. Entretanto, o conceito do open banking ainda é conhecido por menos de 15% da população brasileira, segundo uma pesquisa da Bain & Company, consultoria de gestão.

Colaborou: Felipe Ventura

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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