Epic Games compra Bandcamp, loja de música online para bandas independentes

Epic Games e Bandcamp dizem defender “plataformas justas e abertas” para artistas e criadores; plataforma de música não sofrerá mudanças

Giovanni Santa Rosa
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• Atualizado há 4 meses
Epic Games comprou Bandcamp
Epic Games comprou Bandcamp (Imagem: Divulgação/Epic Games)

O Bandcamp é uma das principais lojas de música online voltadas para artistas e bandas pequenas e independentes. Sua bandeira é repassar grande parte do dinheiro das vendas para os músicos. Nesta quarta-feira (2), a empresa anunciou que tem novo dono: ninguém mais, ninguém menos que a Epic Games, empresa por trás de Fortnite. Mas ela garante que nada vai mudar.

O negócio foi anunciado por Bandcamp e Epic Games em seus blogs. “O Bandcamp continuará operando como um marketplace e comunidade musical”, diz Ethan Diamond, CEO e co-fundador da empresa.

“Os produtos e serviços de que você depende não vão acabar.” Diamond explica que o Daily, publicação editorial do site, e as Bandcamp Fridays, promoção mensal em que a loja abre mão de suas comissões, permanecem.

A entrada da Epic Games no negócio vai ajudar a plataforma a se expandir internacionalmente e continuar desenvolvendo seus recursos, como aplicativos móveis e sistemas de pagamento, além de novidades como prensagem de discos de vinil e serviços de streaming ao vivo. Até hoje, todas as cobranças da loja são feitas em dólar americano, por exemplo.

“Plataformas justas e abertas são cruciais para o futuro da economia criativa. Epic e Bandcamp compartilham uma missão de construir a plataforma mais amigável para os artistas, que permita aos criadores ficar com a maior parte do dinheiro conquistado a duras penas”, diz o post da Epic Games.

A compra não teve seu valor revelado.

Epic Games e Bandcamp cobram comissões baixas

De fato, as duas empresas podem apresentar boas credenciais nesse quesito. O Bandcamp diz que os artistas ficam, em média, com 82% do dinheiro que entra em cada venda.

Apesar de operar em um sistema diferente, com vendas de álbuns digitais e não streaming, é uma ótima cifra em um mercado que tem o Spotify sendo constantemente criticado por pagar pouco aos artistas.

Já a Epic Games Store fica com uma comissão de 12%, e essa porcentagem é ainda menor para quem usa a Unreal Engine da própria empresa.

No passado, a empresa comprou briga com a Apple e o Google por causa das comissões de 30% em suas lojas — posteriormente, elas foram reduzidas para 15% até o primeiro milhão de dólares faturamento.

Com a fabricante do iPhone, a coisa foi ainda mais feia e acabou na Justiça. Um dos motivos é o “cercadinho” do iOS: a App Store é a única loja permitida, e todas as vendas e assinaturas dos apps e games precisam usar o sistema da Apple para processar as transações.

A Epic Games não estava sozinha nesta briga: o Spotify foi uma das empresas que também reclamaram. A gigante do streaming de música argumentava que o Apple Music tinha a vantagem de não pagar comissão, podendo ser oferecido a um preço mais baixo.

No futuro, porém, não será de se estranhar se a Epic Games (e seu Bandcamp) e Spotify estiverem de lados opostos.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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