Google coloca alerta contra PL das Fake News na busca e no Chrome

Ao divulgar link de carta contra PL das Fake News para milhões de usuários na página principal de buscas, Google repete no Brasil tática usada na Austrália

Pedro Knoth
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Google coloca link para carta contra PL das Fake News na busca e em novas abas do Chrome (Imagem: Nathana Rebouças / Unsplash)

O Google se posicionou contra a aprovação do PL das Fake News na última sexta-feira (11), mas resolveu ir além para alertar milhões de usuários sobre supostos perigos da proposta que tramita na Câmara dos Deputados. A plataforma agora colocou o seguinte aviso debaixo da barra de sua ferramenta de busca e ao abrir uma nova aba no Chrome: “Saiba como um projeto de lei pode tornar sua internet menos útil e segura”.

No aviso, está um link que leva à carta da empresa com críticas ao PL, publicada na semana passada, assinada por Fábio Coelho, presidente do Google no Brasil. Na nota, a empresa cita que a versão atual da proposta de lei facilitaria as ações de “agentes mal-intencionados” para espalhar desinformação na própria ferramenta de busca e no YouTube. Caso aprovado, o texto tornaria serviços do Google no Brasil “menos úteis e seguros”.

Google repete no Brasil tática contra lei na Austrália

Ao colocar o link para sua carta em novas abas do Chrome e na página principal de buscas, o Google repete uma tática idêntica a que foi usada na Austrália. Em 2019, a empresa também publicou uma carta contra um projeto de lei no país que a obrigava a pagar por conteúdo jornalístico disponível em seu site.

O alerta aparecia em formato de pop-up: “a forma como os australianos usam o Google está em risco”. A companhia ainda cita danos à “elaboração de pesquisas” feitas pela plataforma.

Google coloca aviso na página principal de sua ferramenta de busca (Imagem: Reprodução)

O projeto de lei australiano foi elaborado com base na grande receita do Google no país com anúncios online. A maior parte desse faturamento era originada de conteúdos de agências de notícia, mas a empresa não pagava por nada, algo considerado desproporcional pelo órgão que fiscaliza a internet na Austrália. A proposta foi aprovada pelo governo em fevereiro de 2021.

O argumento utilizado pelo Google ao tentar convencer seus milhões de usuários australianos de que a lei era negativa, de forma geral, também é muito parecido com o que está sendo utilizado contra o PL das Fake News brasileiro: a piora de serviços como ferramenta de busca e YouTube, assim como vantagens dos grandes grupos de mídia frente às pequenas empresas de jornalismo.

Google News preferiu deixar Espanha a pagar jornalistas

A atual versão do PL das Fake News (PL 2630/2020) propõe que provedores de busca e redes sociais com mais de 2 milhões de usuários registrados forneçam dados sobre a forma como ferramentas de moderação atuam para penalizar contas e conteúdos. E também obriga as big techs, como Google e Facebook, a remunerarem agências de notícia por disponibilizarem conteúdo em suas páginas.

A empresa tem histórico de reagir negativamente a projetos de lei que a obrigam a pagar por conteúdo jornalístico. Em 2014, o Google News chegou encerrar atividades na Espanha após ser obrigado a remunerar jornais por conteúdo online — e só recentemente está analisando voltar a ativa no país.

Contudo, o Google possui algumas iniciativas de apoio ao jornalismo brasileiro. Em 2020, por exemplo, a empresa inaugurou um programa que atualmente remunera 60 veículos jornalísticos para que licenciem e forneçam conteúdo a usuários. Essa mesma iniciativa está presente em outros países, como a Alemanha.

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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