Padrão que une Siri, Google e Alexa é adiado após demanda “maior que o esperado”

Projeto Matter para casa conectada pretende unificar padrão de compatibilidade entre speakers de Apple, Google e Amazon, mas sofre atraso por ser “bem-sucedido”

Pedro Knoth
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Amazon Echo (Alexa) e Google Nest Audio (Google Assistente (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

O consumidor terá que esperar ainda mais por um padrão que torna dispositivos de casa conectada compatíveis com Siri, Google e Alexa ao mesmo tempo. O projeto Matter, que reúne Apple, Amazon, Google e Samsung no desenvolvimento de um código que dialoga com assistentes de voz das marcas, foi novamente adiado. A CSA (Conectivity Standards Alliance), que supervisiona a iniciativa, alega que o atraso se deve a seu “sucesso”.

A CSA confirmou que o lançamento do Matter deve ocorrer no 3º trimestre de 2022. Na avaliação da aliança, é necessário prorrogar o projeto para finalizar acabamentos do do kit de programação de software (SDK) usado para incorporar mais dispositivos de casa conectada aos ecossistemas das empresas inscritas.

A entidade avalia que a “demanda está acima da esperada”. Mais companhias querem aderir ao Matter, o que leva o projeto a prorrogar a fase de testes. É necessária “cautela” para que o padrão Matter seja respeitado, diz a CSA.

Para usuários de Alexa, Siri e Google Assistente, o projeto é impactante: caso se torne uma realidade, donos um dispositivo inteligente antes compatível apenas com o HomeKit — ecossistema da Apple para casa conectada —, poderão ativá-lo com o Google Home via Google Nest, por exemplo.

Projeto Matter é de 2019 e já sofreu atrasos antes

O projeto Matter foi inaugurado em 2019 sob um nome diferente: CHIP (Protocolo da Casa Conectada na Internet, na sigla em português). O código do padrão que quer democratizar acesso de dispositivos da smart home é aberto e livre, depositado no GitHub.

A iniciativa foi anunciada em um evento que reuniu líderes das assistentes de voz da Amazon e do Google, do Samsung SmartThings, Signify (Phillips) e Comcast.

Michelle Mindala-Freeman, diretora de marketing da CSA, contou ao The Verge que a extensão do prazo para lançamento vai permitir à entidade refinar o SDK em algumas áreas para “estabilizar, arrumar e melhorar a qualidade do código”.

“Nós vamos completar o desenvolvimento do SDK no 2º trimestre e faremos uma nova versão, a pedido de nossos membros, até o final de junho”, disse Mindala-Freeman. “Isso está aumentando a confiança de que nossos membros estão totalmente empenhados no Matter, e não estão medindo esforços para que tudo esteja pronto para o lançamento até outono (dos EUA)”.

O Matter conta com uma base de 50 empresas com status de membro, que inscreveram mais de 130 dispositivos em 15 categorias. Esses aparelhos estão sendo testados com o padrão, e farão parte do lançamento. A lista inclui lâmpadas, tomadas, interruptores, fechaduras, termostatos, cortinas, pontos de rede Wif-Fi, TVs e hubs — a maioria pode se conectar às assistentes de voz.

Linux e Android também estão inscritos no Matter

Robô mascote do Android
Android (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

Marcas de sistemas operacionais estão apoiando o Matter; Linux, Android e Tizen estão inscritas no projeto. Do lado das fabricantes de chips usados em aparelhos da casa conectada, Infineon, Silicon Labs e Synaptics também participam. São mais de 16 plataformas desses dois setores que vão adequar seus produtos ao padrão, número acima do esperado pela CSA.

Depois da fase inicial de testes em junho, as marcas serão convidadas a pôr seus produtos em prova oficialmente. Após a conclusão dessa etapa, as empresas se tornam qualificadas para obter o certificado do padrão Matter.

Ou seja, é provável que o consumidor tenha que esperar mais seis meses para o lançamento de produtos inteligentes de Apple, Google, Amazon e Samsung compatíveis com o Matter. Para outras companhias que ainda pretendem entrar no projeto, a espera pode levar até um ano ou mais.

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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