Como exatamente a Starlink, de Elon Musk, está ajudando drones da Ucrânia

Ucrânia ataca tanques de guerra russos à noite com auxílio de conexão via satélite da Starlink, mas não como você imagina

Lucas Braga
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• Atualizado há 1 ano e 6 meses
Antena Starlink de segunda geração (imagem: divulgação/SpaceX)

Talvez você já saiba que a Starlink está ajudando a Ucrânia com conectividade por conta dos ataques russos, e a internet via satélite de alta velocidade da companhia está sendo aproveitada para uso militar. A conexão fornecida pela empresa de Elon Musk tem ajudado drones a fazer ataques noturnos a tanques de guerra dos invasores.

A Ucrânia já recebeu mais de 5 mil kits de acesso da Starlink, que incluem antena parabólica e roteador. O serviço foi elogiado pelos ucraianos: o vice-primeiro-ministro Mykhailo Fedorov afirmou ao The Washington Post que a qualidade da conexão é excelente.

Além de fornecer conexão para civis, a Starlink é aproveitada pelo governo para usos militares. Segundo o jornal britânico The Times, uma equipe de elite que controla os drones mais sofisticados do arsenal ucraniano utiliza a internet via satélite do Elon Musk.

Um dos modelos de drone utilizados por essa equipe é o R18, que tem capacidade para carregar até 5kg de bombas explosivas, pode se deslocar para até 4 km de distância e possui autonomia para voar até 40 minutos. A Ucrânia aproveita a aeronave para atacar tanques russos, que se mantém estáticos durante a noite.

Ok, temos a Starlink ajudando a Ucrânia com uso de drones. Mas isso não significa que os veículos se conectam diretamente aos satélites da companhia de Elon Musk.

As antenas da Starlink ainda são pesadas, grandes e consomem muita energia, o que torna inviável conectar os drones com os satélites de baixa órbita. A tecnologia da Starlink liga apenas as bases terrestres onde ficam as equipes que controlam os veículos não tripulados.

Além disso, o serviço parece não ser 100% confiável para conexão direta a equipamentos militares. Existem diversos relatos de norte-americanos que passaram a utilizar a internet da Starlink e ficaram insatisfeitos, por conta de perda de conexão durante alguns períodos do dia ou dificuldade para obter sinal em locais com obstruções simples, como árvores no horizonte.

A grande vantagem da Starlink é ter cobertura ampla, que atinge locais onde redes fixas e móveis tradicionais não chegam. Na teoria, basta ter energia elétrica, montar os equipamentos e pronto: o acesso à internet pode ser feita de forma imediata, sem passar quilômetros de cabos para fazer a interligação.

Essa categoria de conexão poderia ser prestada por qualquer companhia de internet via satélite. No entanto, a Starlink é a única empresa de satélite não-russa que funciona em algumas partes do território ucraniano.

Mesmo tendo sucesso com essa utilização, a Ucrânia deve ficar em alerta: o próprio Elon Musk já avisou que os russos podem usar identificar localizações pela simples transmissão de sinais da Starlink, e, assim, usar essas localidades como alvo. A Rússia já tem experiência com esse tipo de conduta: em 1996, o governo identificou e disparou um míssil para a localização de um telefone via satélite utilizado pelo presidente da Chechênia.

Com informações: Ars Technica

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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