Central com 100 mil bots que espalhavam fake news é fechada na Ucrânia

Fazenda de bots interditada pela polícia ucraniana tinha mais de 10 mil chips de celular para administrar contas falsas, e espalhava mentiras sobre a guerra

Pedro Knoth
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O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU, na sigla em inglês) tem respondido às ameaças domésticas de cibersegurança em meio à guerra com a Rússia. Desde o começo da invasão do país, agentes já descobriram e fecharam cinco fazendas de bots responsáveis por administrar 100 mil contas que espalhavam fake news. No total, as autoridades apreenderam mais de 10 mil chips de celular.

Fazenda de bots tinha 100 mil contas falsas administradas por meio de 10 mil chips de celular (Imagem: SBU/ Divulgação)
Fazenda de bots tinha 100 mil contas falsas administradas por meio de 10 mil chips de celular (Imagem: SBU/ Divulgação)

De acordo com o SBU, as cinco fazendas de contas falsas operavam por toda Ucrânia, nas cidades de Kharkiv (leste), Ternopil (região central), Tcherkássi e Zakarpatska (oeste).

O objetivo da rede de fake news seria desencorajar cidadãos ucranianos de resistirem à invasão russa, além de disseminar pânico, por meio de informações falsas sobre a guerra e sobre o estado das defesas montadas pelo exército da Ucrânia.

O SBU publicou uma nota com detalhes sobre o desmantelamento da rede de fake news. Para os agentes do serviço de segurança ucraniano, as operações dos criminosos apontam para um plano de desestabilizar o contexto político e social de diversas regiões ao mesmo tempo, minando os esforços de milícias locais.

Possível atuação da Rússia em central de fake news

Junto aos 10 mil SIM cards apreendidos, a polícia também confiscou 100 conjuntos de GSM gateways, usados principalmente para conectar múltiplos chips de celular e fazer ligações à distância. Laptops e computadores usados para coordenar as contas falsas também foram recolhidos pelo SBU.

Autoridades dizem que o serviço especial da Rússia estaria por trás da operação, e que os donos das fazendas de bots podem ser acusados criminalmente por violarem a integridade nacional da Ucrânia. No entanto, a nota não faz menção a possíveis prisões ou suspeitos.

Chips de celular apreendidos pela SBU ao fechar central de fake news na Ucrânia (Imagem: SBU/ Divulgação)
Chips de celular apreendidos pela SBU ao fechar central de fake news na Ucrânia (Imagem: SBU/ Divulgação)

O SBU é a divisão da Ucrânia contra cibercriminosos, incluindo hackers que espalham malwares pela rede de computadores do país. Durante a guerra, a atuação da agência tem sido mais discreta; a divulgação de notas com operações e informações de agentes nas ruas é incomum.

No sábado (26), a polícia contra cibercrimes prendeu um homem que estava invadindo contas de redes sociais e fazendo uma campanha falsa para arrecadar dinheiro destinado à compra de munição.

Já nesta segunda-feira (28), foi descoberto um ataque coordenado de phishing orquestrado pelo grupo hacker russo Armageddon. A campanha leva vítimas a clicarem em um documento com supostos dados de soldados ucranianos mortos em serviço, mas que na verdade infecta a máquina com o malware “PseudoSteel”, que permite ao invasor baixar arquivos do aparelho remotamente.

Todos esses esforços do SBU são para ganhar uma vantagem sobre os russos na guerra da informação, disputa que o Kremlin trava não pelo cano de uma arma, mas sim pela tela dos celulares e computadores de ucranianos e russos.

Com informações: Bleeping Computer

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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