Em discurso, Tim Cook critica sideloading e mais coisas que a Apple não gosta

Tim Cook defende instalação de apps para iPhone somente pela loja da Apple; discurso foi feito em um evento sobre privacidade

Bruno Gall De Blasi
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App Store no iPhone (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

iPhone (iOS) oferece aplicativos para infinitas utilidades e possibilidades, desde que você instale-os somente pela App Store. Apesar das críticas, esta limitação foi defendida pelo CEO da Apple, Tim Cook, nesta quinta-feira (12): o executivo criticou o sideloading em um discurso feito durante um evento sobre privacidade.

A fala do executivo aconteceu durante uma conferência anual da Associação Internacional de Profissionais de Privacidade (IAPP, em inglês). O discurso permeou algumas questões defendidas pela Apple há alguns anos. Mas o ponto que mais chamou a atenção foi a crítica ao sideloading. Ou seja, a possibilidade de instalar apps fora de uma loja autorizada, como acontece no Android atualmente.

CEO se queixa de legislações que exigem sideloading

A manifestação veio à tona quando Tim Cook afirmou que está “profundamente preocupado com regulamentações que prejudicariam a privacidade e a segurança a serviço de algum outro objetivo”. Ele não chegou a citar uma legislação específica. Mas o CEO da Apple estava falando da Lei de Mercados Digitais, da União Europeia, e da Lei do Mercado de Aplicativos Aberto, dos Estados Unidos.

A queixa é destinada às duas legislações devido a trechos que falam sobre a exigência do sideloading. Caso as leis sejam aprovadas com este requisito, a Apple não teria outra escolha senão permitir a instalação de aplicativos no iPhone e iPad por outras fontes. Mas o executivo vê esta alternativa com outros olhos:

“Isso significa que empresas famintas por dados poderiam evitar nossas regras de privacidade e mais uma vez rastrear nossos usuários contra a vontade deles”, justificou sua posição. “Isso também daria aos maus atores uma maneira de contornar as abrangentes proteções de segurança que implementamos, colocando-os em contato direto com nossos usuários, e já vimos a vulnerabilidade criada nos dispositivos de outras empresas.”

Para Tim Cook, sideloading no iPhone pode trazer riscos aos usuários (Imagem: Sebastian Bednarek/Unsplash)
Para Tim Cook, sideloading no iPhone pode trazer riscos aos usuários (Imagem: Sebastian Bednarek/Unsplash)

Afinal, tudo isso é exagero ou não?

Cook defende a política da companhia em outros momentos. Para o executivo, se empresa tiver que permitir “aplicativos não controlados no iPhone”, as consequências podem ser profundas. “E quando vemos isso, sentimos a obrigação de falar e pedir aos formuladores de políticas que trabalhem conosco para avançar nas metas que realmente acredito que compartilhamos, sem prejudicar a privacidade no processo”.

De fato, o CEO da Apple tem razão em alguns pontos. Em um exemplo, ele fala de apps para Android instalados por fontes externas que resultaram em ataques de ransomware. Também é importante relembrar o atrito entre o Facebook e a fabricante devido ao App Tracking Transparency (ATT), recurso liberado no iOS 14.5 que restringe a coleta de dados no sistema iPhone e iPad.

O controle ajuda? Sim, tanto em questão de privacidade e segurança quanto em qualidade. Por outro lado, não é porque os apps estão em uma única loja com muito controle que tudo ficará inviolável. Afinal, até os aplicativos da própria Apple já encararam bugs graves, como a falha que permitia “espionar” contatos pelo FaceTime.

E é sempre importante lembrar: não existe tecnologia 100% segura.

Privacidade é um "direito humano fundamental", diz Tim Cook (Imagem: Stuart Isset/Fortune)
Privacidade é um “direito humano fundamental”, diz Tim Cook (Imagem: Stuart Isset/Fortune)

Tim Cook: privacidade é “direito humano fundamental”

Tim Cook tratou de outros assuntos além do sideloading na conferência. O CEO da Apple defendeu que a privacidade é um “direito humano fundamental”. O executivo também afirmou que a empresa mantém “um compromisso de proteger as pessoas de um complexo industrial de dados construído sobre uma base de vigilância”. 

O problema é que nem sempre o discurso está alinhado à prática. Em maio, o executivo defendeu a relação entre a Apple e a China após a companhia ser acusada de entregar dados de chineses ao governo. Na ocasião, Tim Cook afirmou que o iPhone precisa respeitar as leis locais:

“Nós enviamos à China o mesmo iPhone que enviamos ao resto do mundo. Tem a mesma criptografia, o mesmo iMessage e, a não ser pela parte do iCloud, é exatamente o mesmo produto”, disse o CEO da Apple durante uma audiência.

Com informações: ArsTechnica e TechCrunch

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Bruno Gall De Blasi

Bruno Gall De Blasi

Ex-autor

Bruno Gall De Blasi é jornalista e cobre tecnologia desde 2016. Sua paixão pelo assunto começou ainda na infância, quando descobriu "acidentalmente" que "FORMAT C:" apagava tudo. Antes de seguir carreira em comunicação, fez Ensino Médio Técnico em Mecatrônica com o sonho de virar engenheiro. Escreveu para o TechTudo e iHelpBR. No Tecnoblog, atuou como autor entre 2020 e 2023.

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