Xiaomi tem US$ 725 milhões apreendidos por suposta violação de leis cambiais

Xiaomi enviou remessas para o exterior "disfarçadas de royalties", segundo a agência de antilavagem de dinheiro da Índia; fabricante afirma que transações estão dentro da lei

Bruno Ignacio
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Xiaomi (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Neste último sábado (30), a agência de antilavagem de dinheiro da Índia disse que apreendeu cerca de US$ 725 milhões em ativos da Xiaomi Índia por violar as leis cambiais do país. Múltiplas contas bancárias da companhia, líder do mercado indiano de smartphones, foram afetadas. Segundo as autoridades, a empresa chinesa enviou a quantia apreendida para três entidades estrangeiras “sob o disfarce de royalties”.

Segundo a Indian Enforcement Directorate (ED), agência de fiscalização financeira e antilavagem de dinheiro da Índia, a Xiaomi “forneceu informações enganosas aos bancos ao enviar dinheiro para o exterior”. Dessa maneira, a chinesa teria violado as leis de transações internacionais do país.

“Tais quantias enormes (total de US$ 725 milhões) em nome de royalties foram remetidas por instruções de suas entidades controladoras chinesas”, afirmou a agência indiana. O valor foi enviado para outras “entidades não relacionadas à Xiaomi, sediadas nos EUA”.

Índia aperta fiscalização contra Xiaomi

O ex-chefe da Xiaomi Índia, Manu Jain, já havia sido convocado pelos investigadores no início deste ano para ser questionado sobre as “conformidades fiscais” e estrutura da empresa. As ações são parte de uma investida das autoridades indianas contra múltiplas companhias de tecnologia que atuam na Índia. A ED já investiga a Xiaomi e várias outras empresas chinesas desde dezembro de 2021.

Em comunicado divulgado neste último final de semana, a Xiaomi afirmou que seus pagamentos de royalties são legítimos, pois foram feitos referentes a “tecnologias e propriedade intelectual” vinculadas a produtos comercializados no mercado indiano.

Dados da empresa de pesquisa Counterpoint apontam que a Xiaomi liderou o mercado indiano de smartphones, com 23% de participação nas vendas, no primeiro trimestre de 2022. A companhia chinesa também lançou novas linhas de celulares, smart TVs e tablets no país no início da semana passada.

Esse não é o primeiro golpe da Xiaomi na Índia. A empresa de tecnologia já vinha sofrendo com perda de popularidade ao longo dos últimos após as autoridades do país proibirem aplicativos chineses por questões de “segurança nacional”. Por isso, a fabricante vem tomando medidas, como tags “Made in India” em seus produtos, em uma tentativa de se distanciar da China aos olhos dos reguladores indianos.

Com informações: Reuters

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

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