Twitch e Discord se manifestam após serem usados para massacre nos EUA

Ataque em bairro de população majoritariamente negra nos EUA foi transmitido pela Twitch; atirador teria usado Discord para planejar ato

Giovanni Santa Rosa
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App da Twitch no celular (Imagem: Caspar Camille Rubin/Unsplash)

O fim de semana nos EUA foi marcado por cenas de violência. No sábado (14), um homem de 18 anos atacou um supermercado na cidade de Buffalo, no estado de Nova York, deixando dez mortos e três feridos. O crime foi transmitido ao vivo pelo próprio agressor na Twitch. As primeiras informações dão conta de que os planos para a ação foram compartilhados no Discord. Agora, as duas empresas se pronunciaram sobre o episódio.

Em nota enviada ao canal de notícias CNN, a Twitch afirma ter identificado e removido a transmissão em menos de dois minutos. Ao jornal The New York Times, a empresa declarou:

“A Twitch tem uma política de tolerância zero contra qualquer tipo de violência e trabalha com agilidade para responder todos os incidentes. O usuário foi suspenso por tempo indeterminado de nossos serviços. Estamos tomando todas as medidas apropriadas, incluindo ficar alerta a qualquer conta que esteja retransmitindo este conteúdo.”

A CNN teve acesso a um trecho da transmissão feita na Twitch. O vídeo tem o ponto de vista do atirador e o mostra parando o carro no estacionamento do supermercado.

Discord promete ajudar

O Discord disse estar investigando os posts feitos pelo atirador. Ele teria detalhado seus planos para o ataque dias antes do episódio em um servidor privado na rede. A plataforma acrescentou:

“Nós estendemos nossas mais profundas condolências às vítimas e suas famílias. Faremos tudo que pudermos para ajudar as autoridades na investigação.”

O atirador teria deixado na internet um documento de 180 páginas com uma espécie de manifesto. Ele se descreve como fascista, supremacista branco e antissemita.

O texto também aponta que o local do ataque foi escolhido por ser um código postal com população majoritariamente negra. O agressor mora a três horas e meia de viagem da cidade de Buffalo. Das 13 vítimas do ataque, 11 são negras.

No manifesto, ele diz ter encontrado a motivação para os ataques na internet, mencionando o 4chan e o Discord.

Outros atentados foram transmitidos

Não é a primeira vez que um atirador recorre à internet para transmitir ao vivo seus atos.

Em outubro de 2019, um atirador usou a Twitch para mostrar seu atentado contra uma sinagoga na Alemanha. Cerca de 2.200 pessoas assistiram ao vídeo até ele ser retirado do ar.

Outras plataformas também foram usadas para este fim. Em março de 2019, um ataque a mesquitas na Nova Zelândia foi transmitido pelo Facebook. O atentado deixou 51 mortos.

Com informações: CNN, Eurogamer, IGN.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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