Governo busca fábrica privada para substituir estatal de chips após liquidação

Ministro procura empresa para Brasil não depender de importações; estatal Ceitec era a única fábrica de chips e semicondutores da América Latina

Giovanni Santa Rosa
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Semicondutor (Imagem: Jeremy Bezanger/Unsplash)

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, revelou que o governo está em busca de empresas de chips e semicondutores, para que o País não dependa de importações. A preocupação parece ser compartilhada por outros membros do alto escalão. Paulo Alvim, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, admitiu que desmobilizar essa indústria foi um erro. No ano passado, a Ceitec foi extinta — ela era a única fábrica do ramo na América Latina.

Faria participava do evento Smart City Business, em São Paulo (SP), nesta quinta (26). A reunião teve a presença de executivos da Nokia, Ericsson e Qualcomm, entre outros. “Estamos atrás de buscar uma empresa que possa abrir aqui uma fábrica de semicondutores”, disse. “O Brasil pode exportar para Europa, África e toda a América Latina.”

O ministro acrescentou que é importante ter importante um parque industrial forte no ramo e uma formação contínua de profissionais de tecnologia.

Ministro da Ciência diz que Brasil cometeu erro

Na quarta-feira (25), durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim, considerou que desmobilizar a indústria foi um erro cometido por vários países, incluindo o Brasil.

Alvim disse que a Softex dará continuidade à política pública para semicondutores. A Softex é a Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro. Ela é ligada ao MCTI e deverá receber o espólio da Ceitec, como patentes de invenção, registros de circuitos integrados e projetos de pesquisa e desenvolvimento, entre outros itens.

O antecessor de Alvim na pasta também avaliou que a liquidação da Ceitec não foi a melhor decisão. Em março, o então ministro Marcos Pontes disse que não teria feito essa opção, mas o Ministério da Economia tomou este caminho e incluiu a empresa no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).

Desestatização da Ceitec foi parar no TCU

O Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada, mais conhecido como Ceitec, entrou em processo de privatização em outubro de 2019, com sua inclusão no PPI.

Em dezembro de 2020, um decreto do governo federal permitiu a dissolução societária da empresa estatal, abrindo caminho para a privatização. No entanto, em setembro de 2021, o Tribunal de Contas da União determinou a suspensão da liquidação da companhia e pediu explicações ao Ministério da Economia.

Este não foi o único revés que o processo sofreu na Justiça. Em junho de 2021, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 4ª região determinou que o Ceitec deveria devolver o cargo de 34 demitidos.

Os profissionais qualificados, porém, já chamavam a atenção de empresas. A multinacional inglesa EnSilica, que também atua no segmento de semicondutores, abriu uma filial em Porto Alegre (RS), mesma cidade onde ficava a Ceitec.

Com informações: Estadão Conteúdo, Convergência Digital.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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