Queda das criptomoedas e inflação fazem Robinhood demitir 800 funcionários

Corretora Robinhood expandiu muito sua equipe prevendo alta no mercado cripto, mas agora enfrenta quedas na receita e no número de usuários ativos

Bruno Ignacio
Por
• Atualizado há 6 meses
Bitcoin despenca (Imagem: Hawksky/Pixabay)

A corretora online Robinhood demitiu recentemente cerca de 23% de seus funcionários em meio à queda das criptomoedas, crise no mercado financeiro e alta na inflação em todo o mundo. A empresa, que tinha aproximadamente 3.800 trabalhadores em dezembro de 2021, já passou por outra redução na equipe em abril deste ano. A mais nova onda de demissões levou 800 funcionários da companhia.

Em uma carta aos funcionários, o CEO da Robinhood, Vlad Tenev, escreveu que a empresa formou uma grande equipe antecipando um forte envolvimento do varejo no mercado de ações e criptomoedas durante 2021 e prevendo um bom cenário em 2022. No entanto, a situação mudou drasticamente neste ano, com grandes quedas nos dois setores.

O bitcoin (BTC), o principal ativo digital do mercado, chegou ao recorde de preço de quase US$ 69 mil no ano passado, de acordo com dados do CoinMarketCap. Em 2021, o valor da criptomoeda despencou para preços mínimos na casa dos US$ 18 mil e ainda demostra dificuldades em se manter acima dos US$ 20 mil nos últimos meses. Somente neste ano, o valor de mercado das criptomoedas caiu de US$ 2,2 bilhões para menos de US$ 1 bilhão.

Conforme apurado pela Reuters, a Robinhood tinha uma equipe de cerca de 3.800 pessoas em 31 de dezembro de 2021. Em abril deste ano, a primeira rodada de demissões ocorreu, cortando 9% da força de trabalho da empresa. Desses 3.460 funcionários restantes, agora cerca de 23% deles foram demitidos, o que significa que mais 800 pessoas foram desligadas da corretora.

Receita da Robinhood despenca no segundo trimestre

Resultados financeiros da Robinhood informaram grande queda na receita
Resultados financeiros da Robinhood informaram grande queda na receita (Imagem: Nicholas Cappello/Unsplash)

Recentemente, a Robinhood também apresentou seus resultados financeiros referentes ao segundo trimestre de 2022. Os números não foram bons. A receita gerada por transações da Robinhood caiu de US$ 451 milhões registrados no mesmo período de 2021 para US$ 202 milhões, representando uma queda de mais de 50%. Enquanto isso, a receita geral também ficou baixa, de US$ 318 milhões, uma baixa de 44% ano a ano.

A Robinhood foi a principal corretora que participou no grande movimento de usuários para alavancar as ações da GameStop no início de 2021. Mas, à medida que as taxas de juros aumentaram e as restrições da pandemia diminuíram, os investidores do varejo foram perdendo o interesse em investimentos de maior risco, conforme a renda fixa se mostra cada vez mais vantajosa.

Os usuários ativos mensais da corretora caíram para 14 milhões no segundo trimestre, uma queda de 10% em relação ao primeiro trimestre deste ano. Em comparação ao mesmo período de 2021, quando a empresa registrou 21,3 milhões de usuários ativos mensais, o declínio foi de 33%.

Robinhood enfrenta multa de US$ 30 milhões

Justiça
Justiça (Imagem: Tingey Injury Law Firm/ Unsplash)

Como se o cenário geral já não fosse ruim o suficiente para a Robinhood, a corretora ainda foi multada em US$ 30 milhões. A divisão de criptomoedas da empresa foi acusada pelo Departamento de Serviços Financeiros de Nova York (NYDFS) de violações referentes à lavagem de dinheiro e segurança cibernética.

De acordo com o NYDFS, o programa de segurança cibernética da divisão cripto da Robinhood teve “falhas críticas” e “não abordou totalmente” os riscos operacionais da empresa. O órgão também alega que o departamento de criptomoedas da corretora tinha “deficiências significativas” em seu programa contra lavagem de dinheiro e que violou as leis de proteção ao consumidor por não ter um número de telefone em seu site dedicado a atender reclamações de clientes.

Com informações: Reuters, CoinDesk

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

Relacionados