Netflix quer dobrar catálogo de jogos, mas pouca gente se importa com eles

Netflix Games deve chegar a 50 jogos no fim de 2022, mas número de assinantes que os acessam não chega a 1%

Emerson Alecrim
Por
Into The Breach e Before Your Eyes chegam ao catálogo do Netflix Games / Divulgação / Netflix
Netflix Games de julho (imagem: divulgação/Netflix)

O mercado de streaming de vídeo é tão disputado que a Netflix decidiu complementar o seu catálogo de filmes e séries com jogos. Hoje, cerca de 25 games estão disponíveis na Netflix Games. A companhia planeja dobrar esse número até o fim do ano. Só tem um problema: quase ninguém dá bola para eles.

Não que esteja nos planos da Netflix priorizar jogos em detrimento dos vídeos. Por estarem disponíveis somente a assinantes (sem custo adicional), hoje, os games fazem parte de um experimento para retenção de usuários, por assim dizer.

Os primeiros títulos da Netflix Games surgiram em novembro de 2021. Desde então, jogos vêm sendo adicionados ao catálogo, aos poucos. Até que a proposta é interessante. Trata-se de uma forma de entreter usuários entre os intervalos de lançamentos de conteúdo em vídeo.

Porém, nos últimos meses, a plataforma ganhou ainda mais importância para a Netflix. Os motivos são um tanto óbvios: a companhia tem experimentado queda no número de assinantes. Nesse cenário, qualquer ideia capaz de contribuir para a retenção de usuários deve ser considerada.

Aqui, o que está em jogo (com o perdão do trocadilho) é a atenção. A Netflix não vê apenas outras plataformas de streaming como rivais, mas também também redes sociais e jogos — tudo aquilo que disputa o tempo do usuário.

Nesse sentido, não é a falta de conteúdo em vídeo que faz a Netflix apostar em jogos, mas a tentativa de reter a atenção do usuário por mais tempo.

Pouca gente acessa a Netflix Games

A Netflix não revela detalhes da sua operação de jogos. No entanto, um levantamento da empresa de análise de mercado de aplicativos Apptopia aponta que a Netflix Games tem, em média, 1,7 milhão de usuários por dia. Parece muita coisa, mas esse número representa menos de 1% da atual base de 221 milhões de assinantes da plataforma de streaming.

Ainda de acordo com a Apptopia, a modalidade já superou a marca de 23 milhões de jogos baixados. De novo, esse não é um número animador. A quantidade de downloads ainda está bem abaixo do total de assinantes da Netflix, sem contar que cada usuário da modalidade pode ter baixado dois ou mais títulos.

O que explica um recepção tão discreta ao serviço de games? O fato de os usuários terem assinado a Netflix para assistir a vídeos, não para jogar, certamente tem um peso nessa história.

Outro complicador, no meu entendimento, é o fato de a própria Netflix não dar muito destaque aos jogos. Ao acessar a página inicial do aplicativo — os jogos estão disponíveis apenas para Android e iOS —, é preciso rolar a tela para encontrar as sugestões de games. Uma aba dedicada a eles só aparece na versão para Android.

Os jogos também não são muito atraentes. Ok, neste ponto, falo por mim. Mas não duvido que muita gente que deu uma olhada nos games da Netflix tenha ficado com a mesma impressão.

Netflix Games (Imagem: Divulgação/Netflix)
Netflix Games (imagem: divulgação/Netflix)

50 jogos até o fim de 2022

A CNBC relata que, até o término do ano, a Netflix Games contará com cerca de 50 títulos, praticamente o dobro da quantidade atual. Insistir em algo que deu pouco resultado parece ser uma decisão contraproducente. Por outro lado, a Netflix está disposta a lapidar a ideia por meio de algumas estratégias.

Uma delas é lançar jogos relacionados ao conteúdo exclusivo da plataforma. Na verdade, essa estratégia foi adotada com o lançamento do game Stranger Thing: 1984. O reforço virá com Queen’s Gambit Chess, jogo de xadrez baseado em O Gambito da Rainha.

Outra abordagem a ser seguida pela Netflix é a de licenciar a sua propriedade intelectual para facilitar a criação de jogos por desenvolvedores externos.

Talvez esses esforços tragam um resultado positivo, no fim das contas. Mas, se jogos são tão importantes assim para a Netflix, fico me perguntando se não seria o caso de um aplicativo específico para games ser lançado pela empresa.

Hoje, cada título disponível precisa ser baixado e instalado como um aplicativo separado. Com essa abordagem, fica difícil associar a imagem da Netflix a jogos.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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