WhatsApp é uma “ferramenta de vigilância”, acusa CEO do Telegram

Após ressaltar que falhas de segurança são "backdoors plantados", Pavel Durov, CEO do Telegram, quer que você "fique longe do WhatsApp"

Bruno Gall De Blasi
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• Atualizado há 5 meses
WhatsApp

As falhas de segurança do WhatsApp voltaram ao centro das atenções. Nesta semana, o CEO do TelegramPavel Durov afirmou que o mensageiro da Meta é “uma ferramenta de vigilância” devido às brechas. Por isso, o executivo quer que você utilize qualquer aplicativo de mensagens, menos a plataforma da dona do Facebook.

Inicialmente, a declaração gira em torno de um aviso divulgado pelo próprio WhatsApp em setembro. Na ocasião, a Meta reportou dois incidentes de segurança que permitiam executar códigos maliciosos remotamente. Assim, os hackers poderiam invadir os celulares das vítimas com um simples vídeo enviado, por exemplo.

As falhas do WhatsApp foram solucionadas. Mas Durov observa isso de outra maneira: “um problema de segurança do WhatsApp exatamente como este foi descoberto em 2018, depois outro em 2019 e outro em 2020”, afirmou. “E sim, em 2017, antes disso tudo. Antes de 2016, o WhatsApp não tinha criptografia.”

Mais adiante, o CEO do Telegram observou que, a cada ano, nós descobrimos algum problema no WhatsApp que deixam os usuários em risco. Ou seja, em suas palavras, é como se fosse quase certo que uma nova falha de segurança existirá.

“Tais questões dificilmente são incidentais – são backdoors plantados”, observou. “Se um backdoor for descoberto e precisar ser removido, outro será adicionado.”

Pavel Durov (imagem: TechCrunch/Flickr)
Pavel Durov (imagem: TechCrunch/Flickr)

Durov relembra incidente envolvendo Jeff Bezos

Durov ainda relembrou um incidente que chamou a atenção em 2020. Naquela época, o cofundador da Amazon, Jeff Bezos, teve o seu celular hackeado pelo WhatsApp. O ataque aconteceu depois que o executivo recebeu um vídeo em seu celular, de acordo com especialistas forenses.

Por fim, Durov justificou o alerta. “Não estou pressionando as pessoas a mudar para o Telegram aqui”, ressaltou. “Com mais de 700 milhões de usuários ativos e mais de 2 milhões de inscrições diárias, o Telegram não precisa de promoção adicional” – uia!

Mas, no fim das contas, o cofundador do Telegram está apenas preocupado com o você e o seu celular: “você pode usar qualquer aplicativo de mensagens que desejar, mas fique longe do WhatsApp – ele já é uma ferramenta de vigilância há 13 anos”, concluiu.

WhatsApp (Imagem: Haberlernet/Flickr)
WhatsApp (Imagem: Haberlernet/Flickr)

Mas, afinal, o WhatsApp é seguro?

Ao ler todo esse testemunho do CEO de um dos principais rivais do WhatsApp, é claro que bate uma pequena preocupação. Todavia, é preciso ter cautela ao ler este depoimento, pois não existe sistema completamente seguro. Isso inclui o Telegram que, ainda que a sua equipe resolva as brechas rapidamente, não é inviolável.

O WhatsApp oferece, de fato, uma criptografia de ponta a ponta. Isto significa que, ao trocar mensagens, só você e os remetentes poderão acessar os conteúdos enviados. Enquanto isso, é preciso criar um chat privado para ter acesso a algo correspondente no Telegram.

Isto significa que o Telegram não é seguro? Não, nem pense nisso. Mas a dinâmica é diferente, pois as conversas são guardadas na nuvem e criptografados em servidores do mensageiro, solução que também oferece muita proteção aos usuários. Enquanto isso, o WhatsApp guarda todas as mensagens no smartphone.

Mas isto não retira o fato de que os dois mensageiros estão sujeitos à ameaças. Especialmente porque são duas ferramentas com uma base de usuários gigantesca, com informações que interessam muitos criminosos. Além disso, uma configuração errada pode colocar tudo a perder – portanto, nunca deixe de usar a verificação em duas etapas no WhatsApp e no Telegram.

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Bruno Gall De Blasi

Bruno Gall De Blasi

Ex-autor

Bruno Gall De Blasi é jornalista e cobre tecnologia desde 2016. Sua paixão pelo assunto começou ainda na infância, quando descobriu "acidentalmente" que "FORMAT C:" apagava tudo. Antes de seguir carreira em comunicação, fez Ensino Médio Técnico em Mecatrônica com o sonho de virar engenheiro. Escreveu para o TechTudo e iHelpBR. No Tecnoblog, atuou como autor entre 2020 e 2023.

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