Eles crescem rápido: Pix faz 2 anos e está cada vez mais maduro

Método de pagamento instantâneo está de aniversário e cada vez mais aceito na sociedade; Pix movimenta bilhões de reais por dia e está até no semáforo

Felipe Freitas
Por
• Atualizado há 8 meses
Pix (imagem ilustrativa: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Pix (imagem ilustrativa: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Parece que foi ontem que sentimos aquela expectativa de usar o “tal do Pix” pela primeira vez. 2 anos depois do seu lançamento, o método de pagamento está tão enraizado no brasileiro que você provavelmente nem pergunta mais “aceitas Pix?”.

Os dados divulgados pelo Banco Central reforçam esse comportamento. Mesmo com taxa menor, a criação de chaves Pix continua crescendo — assim como a movimentação financeira. E, por consequência, os valores das transações.

Pix que pariu! Quanta coisa!

O Pix começou a engatinhar ainda em 3 maio de 2018. Nessa data, o Banco Central (BC) divulgou uma portaria que oficializou a criação de grupo de trabalho (GT) para desenvolver um método de pagamento instantâneo entre diferentes bancos. Pouco mais de 2 anos e 6 meses depois da criação do GT — e no meio da pandemia —, o Pix foi lançado.

Não sei você, mas eu fui logo um “early adopter” da ferramenta e estava curioso para ver na prática o seu funcionamento. Provavelmente, meu primeiro uso foi alguma transferência pessoa para pessoa — o principal tipo transação do Pix desde o seu lançamento.

Natureza das transações no Pix (Imagem: Reprodução/Banco Central)
Natureza das transações no Pix (Imagem: Reprodução/Banco Central)

O crescimento da ferramenta foi “exponencial” no número de chaves criadas — mais de 523 milhões (contando as chaves aleatórias), transferências e valores movidos. Estes dois últimos intimamentes ligados: se há mais pessoas transferindo dinheiro, logo há mais dinheiro movimentado.

Por falar em dinheiro, o Pix movimenta valores impressionantes. Só neste ano, mais de R$ 7,5 trilhões foram transferidos usando a ferramenta de pagamento instantâneo. Para chegar nessa quantia, o número de transações mensais no Pix passa dos bilhões desde setembro de 2021.

Valores movimentados mensalmente no Pix (Imagem: Reprodução/Banco Central)
Valores movimentados mensalmente no Pix (Imagem: Reprodução/Banco Central)

Em dezembro de 2021, impulsionado pelas compras de Natal, os usuários do Pix fizeram 1,44 bilhões de transações. Em janeiro de 2022, o número caiu para 1,2 bilhões — também reflexo da celebração natalina. Desde então, o número só cresceu: em setembro, 2,3 bilhões “de Pix” foram realizados.

Pix durante a semana e horários do dia

O domingo (e feriados) é o dia menos movimentado, tanto em quantidade de Pix realizados quanto em valores transacionados. A quantidade de transferências não cai muito aos sábados, mas a quantidade de dinheiro movido no Pix, sim. No gráfico abaixo, você consegue identificar facilmente os sábados e o domingo (e o Dia de Finados) só pela quantidade de dinheiro movimentado via Pix.

Valores movimentados diariamente no Pix (Imagem: Reprodução/Banco Central)
Valores movimentados diariamente no Pix (Imagem: Reprodução/Banco Central)

Mesmo sendo um dos horários em que menos Pix são feitos, o período das 3 da manhã costuma trazer um pico de valores transacionados quando comparado com outros horários da madrugada (tem um lugar diferente lá depois da saideira?). E claro, o horário de almoço é sagrado. Não por menos, é um período que as transações apresentam queda em quantidade e valores.

Padrão médio de movimentação de valores no Pix (Imagem: Reprodução/Banco Central)
Padrão médio de movimentação de valores no Pix (Imagem: Reprodução/Banco Central)

Pix é do Brasil! De app de paquera até golpes

A popularidade do Pix ficou tão grande que… que ele chegou no coração dos brasileiros — de algumas maneiras. 

Como o Pix permite o envio de mensagens com até 100 caracteres durante uma transação, “demorou” apenas alguns meses para ele servir como “app de paquera”. A pessoa manda um valor no Pix e a cantada no espaço de texto — lembrando que amor não se compra. Claro, a ferramenta também atingiu a sua popularidade por outros motivos.

Com o crescimento das fintechs, facilidade em criar uma conta e popularização do celular, mais brasileiros podem “fazer o Pix”. Vendedores em semáforos, ambulantes (até na praia) já aceitam o método de pagamento. Acabou a desculpa “não tenho dinheiro” para quando alguém lhe oferecer uma paçoquinha. 

Logotipo do Pix no celular
Pix (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

O Pix está tão popular que eu estou há meses sem meu cartão (em partes porque o app do meu banco é problemático e não registra o meu pedido). Desde que perdi meu cartão, eu só vi um estabelecimento que não aceitava Pix.

E claro, os golpes. Não teria como o Pix, um método de pagamento, não ser usado para realizar golpes. Um caso que viralizou neste ano foi até cômico — passado o susto inicial, claro. 

A empresária Jéssica Rodriguez, dona de uma marca de roupas, recebeu um “comprovante” de Pix muito mal falsificado. O golpista tentou levar diversos produtos sem pagar. Para tentar enganar a empresária, ele adicionou um “IDO” — com uma das fontes do Instagram — em cima do botão “transferir”, tentando esconder o “R” no final da palavra. 

Golpe do Pix com montagem feita pelo Instagram (Imagem: Reprodução/Jéssica Rodriguez)
Golpe do Pix com montagem feita pelo Instagram (Imagem: Reprodução/Jéssica Rodriguez)

No final, o caso da Jéssica foi facilmente perceptível e engraçado. Porém, há diversos métodos de golpes via Pix. Há alguns meses, os casos do robô do Pix e similares ficaram comuns. Nesses golpes, os criminosos pedem uma transferência e prometem devolver um valor maior em troca.

Pode ser fácil identificar esses golpes. Convenhamos, é bem estranho alguém pedir R$ 20 e prometer pagar R$ 200 em retorno após usar o seu dinheiro para investir em criptomoedas ou pagar um robô para comentar em promoções de redes sociais. Contudo, os casos de phishing e engenharia social são mais difíceis de reconhecer — pelo menos para quem tem pouco conhecimento digital, independente da idade.

Há relatos de golpes em que os criminosos ligam para as vítimas e se passam por funcionários de bancos. Eles dizem que um Pix foi agendado de maneira errada para a conta da pessoa e ela precisa devolver o valor com antecedência. Se alguém falar isso com você, espere o Pix cair e depois devolva — provavelmente o Pix nem agendado foi. Alguns golpistas enviam capturas de tela mostrando que há um Pix agendado. 

Nova queda em janeiro de 2023?

Não serão golpistas que farão o Pix perder a popularidade. Apesar da “ode” ao Pix, existe uma maneira dele perder a popularidade: os gastos exagerados. Com mais um ano de Pix completo se encerrando, será bem interessante ver o comportamento do público nas festas de fim de ano.

As altas movimentações em dezembro de 2021 seguiu com uma queda no mês seguinte. A queda também foi fortalecida  pelo fato do brasileiro usar o décimo terceiro para pagar suas dívidas. Janeiro de 2023 pode não apresentar uma queda muito grande: até quem cobra já está aceitando Pix — IPTU e parcela de lixo? Paga pelo Pix.

Com informações: Banco Central (1 e 2)

Receba mais sobre Pix na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

Relacionados