TIM Live lançará internet fixa em Curitiba com rede neutra da Oi Fibra

TIM detalha expansão de banda larga fixa com redes neutras; inicialmente, V.tal ficará responsável pela instalação e funcionamento da conexão à internet

Lucas Braga
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• Atualizado há 5 meses
Logo da TIM Live com notebook ao fundo
TIM Live (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

Em novembro, a TIM anunciou uma importante etapa para crescer no serviço de banda larga fixa: foi firmado um acordo de longo prazo com a V.tal, empresa de rede neutra que surgiu a partir da infraestrutura da Oi Fibra. Executivos da operadora detalharam sobre o futuro da TIM Live, que chegará a Curitiba (PR) em 2023.

Tive oportunidade de conversar com Fábio Avelar, diretor de receita da TIM Brasil. Ele conta que o acordo com a V.tal irá permitir a operadora manter a mesma agressividade dos planos ofertados originalmente com a I-Systems, rede neutra que surgiu a partir da TIM Live que atualmente é controlada pela IHS Brasil.

Curitiba será a primeira cidade a utilizar a rede da V.tal

Avelar revelou em primeira mão que a primeira cidade que ganhará TIM Live com a rede da V.tal é Curitiba. A escolha da capital paranaense foi feita por conta da grande presença de clientes do serviço de telefonia móvel: a tele lidera a participação de mercado na cidade, com 41,7%.

A operadora ainda não anunciou uma data para o lançamento da TIM Live em Curitiba pela rede da V.tal, mas isso deve ocorrer no 1º semestre de 2023.

Leonardo Capdeville, diretor de tecnologia da TIM, revelou ao Tecnoblog que Curitiba será uma espécie de projeto-piloto do serviço TIM Live pela rede da V.tal:

“A gente vai fazer em Curitiba um soft launch, não só pra entender como a engrenagem funciona, mas também para entender como será a adesão do cliente, como é o serviço prestado. A partir daí a gente ganha escala para expandir em mais cidades.”

Leonardo Capdeville, diretor de tecnologia (CTIO) da TIM

Capdeville também revelou como será a gestão das duas redes neutras nos sistemas da TIM:

“A API [sistema de integração] que a gente tem com a V.tal é a mesma com a I-Systems, empresa neutra que temos participação acionária. Quando chegar um pedido de venda, de reclamação ou de informação, a gente se relaciona com a rede neutra por essa camada, mesmo quando se tratar de uma empresa do qual a gente é sócio.”

Leonardo Capdeville, diretor de tecnologia (CTIO) da TIM

O acordo com a V.tal será importantíssimo para a TIM crescer no mercado de banda larga fixa. A rede neutra da Oi Fibra atende 18 milhões de residências em 215 cidades brasileiras, com previsão de chegar a 32 milhões de casas passadas até 2025. Enquanto isso, a rede da I-Systems está disponível para 5,9 milhões de endereços em 40 municípios.

Atualmente, a TIM Live tem cobertura limitada nas cidades onde está presente, com poucas regiões atendidas. O reflexo é que a TIM é “pequena” no segmento de internet fixa: com apenas 1,7% de participação do mercado de banda larga, a tele fica muito atrás da Claro, Vivo, Oi e até mesmo algumas operadoras regionais.

Até onde a TIM vai prestar o serviço na rede neutra?

Uma das principais dúvidas em relação à utilização de redes neutras é o formato de utilização: existem casos em que a própria companhia neutra presta todo o serviço, desde instalação e conectividade, ou apenas a última milha.

Leonardo Capdeville, CTIO da TIM Brasil (foto por Ismar Ingber)
Leonardo Capdeville, diretor de tecnologia da TIM (Imagem: Ismar Ingber/Divulgação)

Capdeville explicou que no acordo com a TIM a V.tal será responsável por fornecer todo o serviço, desde instalação até o backbone de conexão de conexão à internet. A operadora poderá construir sua infraestrutura própria em municípios onde houver maior concentração de cidades, mas mantendo a última milha na rede neutra:

“A parte da instalação é da V.tal. Ela vai até à residência do consumidor final e instala o produto que a TIM contratou dela, utilizando as empreiteiras que ela própria contratou, seja a Serede [unidade de manutenção em campo da Oi] ou outras empresas.

São previstos dois modelos iniciais. Um deles é o fim a fim: a V.tal ativa o cliente e a TIM Live utiliza toda a rede da V.tal, não somente a última milha mas também o backbone e conectividade com a internet.

Também haverá outro modelo, com backbone e conexão de internet que será fornecida pela TIM, e a V.tal continua responsável pela última milha.

No começo, iremos utilizar o modelo fim a fim, e devemos evoluir para a conexão própria sob demanda. Em cidades com poucos clientes não vale a pena desenvolver parte da nossa rede, é melhor utilizar a rede completa da V.tal.

A medida que crescermos muito em clientes, pode haver interesse em colocar parte da rede da própria TIM, dependendo da penetração de usuários em uma mesma cidade.”

Leonardo Capdeville, diretor de tecnologia (CTIO) da TIM

Ao utilizar todo o serviço da V.tal, a conexão de um cliente TIM Live não será muito diferente de usuários da própria Oi Fibra ou de outras operadoras neutras que estão na mesma rede, como é o caso da Obvious.

É uma pena: se a TIM Live utilizasse o backbone próprio em toda sua extensão, teríamos, de fato, uma nova opção de provedor de internet. Apesar de ter uma extensa rede, diversos clientes da Oi Fibra reclamam em fóruns online sobre rotas estranhas que causam lentidão e latência alta para alguns servidores nacionais e internacionais.

Já que a rede será a mesma (ao menos inicialmente), a TIM terá que brigar pelo cliente no preço ou em benefícios, como combos com telefonia móvel.

Atualmente a Oi Fibra comercializa banda larga de 400 Mb/s por R$ 99,90 mensais, enquanto a Obvious vende um plano de 500 Mb/s por R$ 89,90. Assim como Avelar, Capdeville afirma que o acordo com a V.tal permitirá que a TIM seja agressiva:

“A competitividade é dada pelo mercado. Para fechar com a V.tal, era necessário que o acordo garantisse que fôssemos competitivos, independente se iríamos utilizar a rede neutra da V.tal ou da I-Systems.”

Leonardo Capdeville, diretor de tecnologia (CTIO) da TIM

Das grandes operadoras, a TIM é a mais agressiva com planos de internet gigabit, visto que a TIM Live de 1 Gb/s atualmente custa R$ 151,90 por mês. A Oi Fibra cobra R$ 199,90 mensais no mesmo plano, e ainda assim é mais barata que Claro (R$ 299,90) e Vivo (R$ 499,99).

TIM encerrará 2023 com cobertura móvel em todas as cidades do Brasil

Um dos grandes destaques do evento promovido pela TIM está relacionado à rede móvel: o presidente da companhia, Alberto Griselli, anunciou que a operadora encerrará o ano de 2023 com cobertura móvel disponível em todos os 5.668 municípios brasileiros.

Alberto Griselli, CEO da TIM, anunciou cobertura em todas as cidades do Brasil
Alberto Griselli, CEO da TIM, anunciou cobertura em todas as cidades do Brasil (Imagem: Lucas Braga / Tecnoblog)

A cobertura leva em conta todas as tecnologias, incluindo as redes 2G, 3G, 4G e 5G. Até outubro, a TIM atendia o total de 5.501 municípios.

A compra da Oi Móvel ajudou o salto de cobertura da TIM, que incorporou 264 cidades onde a companhia não tinha nenhuma presença. No entanto, a maior parte desses municípios eram atendidos somente com sinal 2G, que não permite uma boa experiência de internet móvel.

A TIM assumiu um compromisso de levar sinal 4G para todas as cidades brasileiras até o final de 2023. Falta pouco: até outubro, 5.223 municípios já contavam com sinal de quarta geração da operadora.

Lucas Braga viajou para São Paulo a convite da TIM.

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Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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