ChatGPT é bloqueado em escolas de Nova York por afetar aprendizado

Cidade de Nova York está preocupado com desenvolvimento do pensamento crítico e raciocínio lógico de estudantes

Felipe Freitas
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• Atualizado há 7 meses
Código em Python escrito pelo ChatGPT (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
ChatGPT mostrando como funciona a linguagem Python (Imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

A IA por trás do ChatGPT é tão legal que pode até mesmo escrever uma redação, resumo de livro e resolver os “probleminhas” de matemática. Porém, tanta facilidade e praticidade é um risco para o aprendizado de crianças e adolescentes. Isso motivou a cidade de Nova York a bloquear o acesso dos estudantes ao ChatGPT nas escolas.

Entre os problemas que o “vício” em ChatGPT causa no aprendizado, além de prejudicar a formação do pensamento crítico e a capacidade de resolução de problemas, é que a sua base de conhecimento é formada por conteúdos disponíveis na internet. E se está na internet, não necessariamente é verdade — talvez muito pelo contrário.

ChatGPT pode ser liberado para escolas estudarem a ferramenta

O Departamento de Educação da Cidade de Nova York informou para o TechCrunch que ChatGPT pode ser liberado se colégios entrarem com pedido de acesso. O bloqueio que o Departamento aplicou na IA é o mesmo usado para impedir o acesso do YouTube e Facebook nas escolas.

Contudo, a liberação será feita para colégios que querem utilizar a ferramenta para pesquisa, usando-o em projetos de computação dentro da escola.

O ChatGPT pode ser usado positivamente por professores e alunos. Educadores podem usar a IA para desenvolver exemplos e questões, enquanto alunos podem ter um primeiro contato com alguma matéria que desejam conhecer ou buscar ajuda para aprimorar algum trabalho ou projeto — por exemplo, usar o ChatGPT como um checklist para saber se abordou os principais pontos de trabalho sobre energia renovável. Mas claro, no mundo real não é assim.

ChatGPT resolvendo problemas de matemática (Imagem: Reprodução/Tecnoblog)
ChatGPT resolvendo problemas de matemática (Imagem: Reprodução/Tecnoblog)

ChatGPT dá o peixe, mas não ensina a pensar

Alguns anos atrás, quando você tinha dúvida sobre algo, poderia recorrer ao Yahoo Respostas. O processo para ter a dúvida sanada era lento, já que era necessário que outra pessoa respondesse. Hoje, o ChatGPT te dá a resposta em tempo real.

Em comum, os dois podem afetar a capacidade de aprendizado de crianças e adolescentes. Para que quebrar a cabeça tentando resolver uma questão de regra de três composta quando o ChatGPT te entrega isso? Ou para que ler “O Apanhador no Campo de Centeio” se o ChatGPT pode fazer um resumo?

Porém, aprender não é apenas entregar a resposta correto, é desenvolver as habilidades para chegar nelas. O mesmo vale para o pensamento crítico: um resumo de um livro ou escrever uma dissertação ou análise crítica envolve avaliar diversos fatores, desde o tema central até os contextos de época. E isso o ChatGPT não entrega — ainda mais quando a sua base também utiliza conteúdos falsos.

Outro problema criado pelo uso errôneo do ChatGPT é plágio. Como ele utiliza diversas fontes pela internet, a produção de uma redação pela IA pode utilizar não só textos falsos, mas também trechos completos de produções de outras pessoas.

Conforme pedido, o ChatGPT resumiu O Apanhador no Campo de Centeio em três parágrafos (Imagem: Reprodução/Tecnoblog)
Conforme pedido, o ChatGPT resumiu “O Apanhador no Campo de Centeio” em três parágrafos (Imagem: Reprodução/Tecnoblog)

A OpenAI, empresa responsável pelo ChatGPT, está ciente desses problemas de plágios. AoTechCrunch, a OpenAI informou que está desenvolvendo melhorias que identifiquem quando um texto foi desenvolvido pelo ChatGPT. Outras empresas também estão criando ferramentas deste tipo.

O bloqueio do ChatGPT tem o propósito de fazer com que os estudantes do sistema público não fiquem totalmente dependentes de IAs para resolver as lições de casa. Afinal, seja essa prática de lição de casa errada ou não, a prática de questões é uma maneira de se preparar para uma prova, na qual não se tem nenhum auxílio — ou pelo menos não deveria ter.

Para o TechCrunch, um representante do Departamento de Educação disse que o uso do ChatGPT “não constrói o pensamento crítico e a habilidades de resolução de problemas, que são essenciais para a vida acadêmica e um sucesso duradouro”.

Jovens que estão lendo essa notícia, sigam pelo menos uma dica que eu aprendi com a minha professora de sociologia: matemática não é só usada para passar no vestibular. Ter a capacidade de resolução problemas é a chave para não ser enganado na hora pagar a limpeza de um tapete redondo na lavanderia. Usem o ChatGPT com moderação.

Com informações: TechCrunch

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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