Getty Images processa criadores do Stable Diffusion por violar direitos autorais

Banco de imagens acusa empresa de utilizar fotos de seus arquivos para gerar imagens; Stable Diffusion gera imagens com a marca d’água do serviço de fotografia

Felipe Freitas
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Imagem gerada pelo Stable Diffusion (Imagem: Reprodução/The Verge)
Imagem gerada pelo Stable Diffusion (Imagem: Reprodução/The Verge)

A Getty Images, um dos mais famosos banco de imagens do mundo, está processando a Stability AI, empresa responsável pela Stable Diffusion — inteligência artificial que gera imagens com base em arquivos buscado na internet. Segundo a Getty Images, a Stability IA está violando os seus direitos autorais ao gerar conteúdo com base em fotos publicadas no seu banco de imagens. Em alguns casos, a marca d’água da Getty aparece nos conteúdos.

Com a popularização dessas inteligências artificiais que geram fotos a partir de imagens da internet, o debate sobre direitos autorais e valorização do trabalho de artistas reais cresce. Em dezembro, artistas realizaram protestos contra imagens geradas por IA no ArtStation, site que reúne conteúdo de criadores.

Getty Images processa Stable Diffusion, mas elogia IAs

No seu site, a Getty Images publicou um comunicado informando os motivos que a levou a processar a Stability IA. Além da já citada violação de direitos autorais, o banco de imagens acusa a empresa de tecnologia de prejudicar financeiramente os criadores de conteúdos que possuem material na plataforma da Getty.

No comunicado, a Getty também relata que acredita no potencial que a inteligência artificial tem de estimular projetos criativos. A empresa usa como o exemplo a licença que ela fornece (paga) às empresas de tecnologia e que respeitam as propriedades intelectuais de artistas. A Getty encerra o texto afirmando que em nenhum momento a Stability IA procurou obter a licença.

Imagem gerada pelo Stable Diffusion (Imagem: Reprodução/Tecnoblog)
Imagem gerada pelo Stable Diffusion (Imagem: Reprodução/Tecnoblog)

Independente da sua opinião sobre os valores da Getty Images, a verdade é que é as imagens geradas pela Stable Diffusion são um exemplo de “o barato saiu caro”. Para ilustrar a matéria, tentei buscar imagens usando “Getty Images” no texto — o objetivo era que elas fossem geradas com a marca d’água. Não consegui isso (o The Verge, sim). Porém, os resultados foram bizarros — e assustadores, como visto na imagem acima do sorriso macabro da Rainha Elizabeth II.

Imagem gerada pelo Stable Diffusion (Imagem: Reprodução/The Verge)
Imagem gerada pelo Stable Diffusion (Imagem: Reprodução/The Verge)

Stable Diffusion gera imagens que valem US$ 0 e risadas

A Getty Images fornece licenças de uso para empresas e “vende” fotos avulsas. Os preços são caros para o cidadão comum, até porque não são o público-alvo. Já o Stable Diffusion gera imagens por um total de US$ 0, o mesmo que R$ 0 em conversão direta (é uma piadinha).

Por esse preço, não tem muito o que reclamar. Todavia, se você quiser uma imagem de alguma ação, algo em movimento, é melhor deixar a imagem em uma resolução que os defeitos sejam quase imperceptíveis.

Por exemplo, uma imagem do marido da Giselle Tom Brady. Por ser um atleta popular e com fotos na Getty Images, tentei usar buscar uma foto do jogador com a marca d’água do banco de imagens. Não consegui, mas o resultado foi “cômico”. A IA ainda não é capaz de formar perfeitamente uma imagem realista com membros em movimento e tem dificuldades de identificar objetos. Até achei que os defeitos eram medidas para proteger os direitos autorais, mas o Stable Diffusion não possui nenhuma ferramenta contra isso — ele apenas diz se isenta da culpa.

Imagem gerada pelo Stable Diffusion (Imagem: Reprodução/Tecnoblog)
Imagem gerada pelo Stable Diffusion (Imagem: Reprodução/Tecnoblog)

No geral, o melhor uso para esses tipos de serviços de IA é buscando por ilustrações. Contudo, o problema é o mesmo que sofre a Getty Images: violação de direitos autorais. E ainda temos o questionamento de quem, de fato, é o responsável pela arte. A IA pode gerar uma “nova imagem”? Ou ela apenas faz um plágio do que vê na internet?

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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