Mesmo com avanço do Pix, 203 milhões de cheques foram compensados em 2022

Febraban revela que uso do cheque no Brasil caiu quase 94% desde 1995; apesar disso, modalidade está longe de ser abandonada

Emerson Alecrim
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Talão de cheques (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Dados divulgados pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) nesta semana mostram que o uso de cheques continua diminuindo no Brasil. Mesmo assim, a modalidade ainda tem muitos adeptos. Nem o Pix conseguiu aposentar essa opção. Em 2022, quase 203 milhões de cheques foram compensados no país.

Foram 202.848.320 cheques compensados no ano passado, para ser exato. De acordo com a Febraban, esse número corresponde a uma diminuição de 7,3% em relação a 2021 (218.944.650 cheques).

Os volumes financeiros movimentados com cheques pouco mudaram de um ano para o outro, porém. Em 2022, foram R$ 667 bilhões. Em 2021, R$ 666,8 bilhões.

Há uma explicação para montantes tão altos envolvendo os talões: cheques são muito usados para transações de maior valor. É o que conta Walter Faria, diretor-adjunto de serviços da Febraban. Um levantamento da instituição aponta que o valor médio do cheque em 2021 foi de R$ 3.046,52. No ano passado, a média ficou em R$ 3.257,88.

O Pix predomina em operações de baixo valor, até por ser muito utilizado em compras como alternativa ao dinheiro em espécie e ao cartão de crédito.

Quem ainda usa cheque?

Cheques ainda são muito usados pelo público com mais idade. A razão é um tanto óbvia: essas pessoas se acostumaram com a modalidade quando ela era mais popular e resistem em abrir mão dela.

Também não é incomum o uso de cheques para transações de alto valor, como a compra de um carro ou de um imóvel. É claro que as modalidades digitais podem ser usadas para isso. Mas existe um fator cultural que faz o cheque ser aceito até hoje para esse fim.

Quem explica é o próprio Walter Faria, ao Tecnoblog. O executivo conversou com nós em abril de 2022, quando publicamos a reportagem especial “Com Pix e carteiras digitais, o cheque ainda sobrevive“.

Na ocasião, causava espanto saber que o cheque ainda era muito utilizado no Brasil. Com boleto, cartão de crédito, transferências via DOC/TED e, mais recentemente, Pix, parecia que o cheque iria finalmente cair no esquecimento.

Não caiu. Mas o seu uso diminui ano a ano.

Eram 3,3 bilhões de cheques em 1995

203 milhões de cheques é uma quantidade elevada. Mas esse número já foi muito maior. A Febraban revela que, em 1995, quando a série histórica teve início, 3,3 bilhões de cheques foram compensados. De lá até 2022, a redução do uso da modalidade foi de 93,91%.

AnoCheques compensadosVariação desde 1995
19953.334.224.724
19963.158.118.845-5,28%
19972.943.837.133-11,71%
19982.748.906.075-17,55%
19992.602.863.723-21,93%
20002.637.492.836-20,90%
20012.600.298.561-22,01%
20022.397.295.279-28,10%
20032.246.428.302-32,63%
20042.106.501.724-36,82%
20051.940.344.627-41,81%
20061.709.352.834-48,73%
20071.533.452.222-54,01%
20081.396.544.544-58,11%
20091.234.971.610-62,96%
20101.120.364.198-66,40%
20111.012.774.771-69,62%
2012914.214.328-72,58%
2013838.178.679-74,86%
2014755.816.648-77,33%
2015672.014.638-79,84%
2016576.404.408-82,71%
2017494.055.868-85,18%
2018436.204.425-86,92%
2019384.278.195-88,47%
2020287.196.448-91,39%
2021218.944.650-93,43%
2022202.848.320-93,91%

A adesão aos meios digitais é a explicação para isso, com destaque para o Pix. É o que comenta Faria:

Atualmente, sete em cada dez transações bancárias no país são feitas pelos canais digitais (internet e mobile banking), reflexo da comodidade, velocidade e segurança oferecidas por estes meios de pagamentos.

Soma-se a isso também o Pix, que ao longo de dois anos de funcionamento, se consolidou como o meio de pagamento mais utilizado pelos brasileiros.

Apesar disso, a Febraban não tem previsão sobre se ou quando o cheque será descontinuado no Brasil.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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