AMD vai focar em GPUs intermediárias para enfrentar Nvidia
Executivo da AMD dá entender que GPUs de alto desempenho ficarão em segundo plano; objetivo da companhia é focar em modelos que vendem mais
Executivo da AMD dá entender que GPUs de alto desempenho ficarão em segundo plano; objetivo da companhia é focar em modelos que vendem mais
Há burburinhos de que a AMD vai dar mais atenção a GPUs intermediárias, deixando os modelos mais avançados em segundo plano. Na feira IFA 2024, que aconteceu na semana passada, a companhia confirmou essa nova estratégia. O objetivo é priorizar os segmentos com mais potencial de vendas.
A confirmação foi dada por Jack Huynh, vice-presidente sênior de computação e gráficos da AMD, em entrevista ao Tom’s Hardware. A conversa foi guiada com base nos rumores de que a futura série de chips gráficos Radeon RX 8000 (arquitetura RDNA 4) não terá modelos high-end.
O executivo não comentou sobre a séria Radeon RX 8000 em si, mas deu a entender que há um fundo de verdade em toda essa especulação. Ele contou que, na atual fase, a AMD está preocupada em fazer escala, isto é, em aumentar a sua participação no mercado de chips gráficos.
A intenção é alcançar pelo menos 40% de presença nesse setor. Considerando apenas o segmento de GPUs dedicadas (aquelas que compõem placas de vídeo para desktops ou que adicionam capacidade gráfica a notebooks), a Nvidia deteve 88% de participação no primeiro trimestre de 2024, contra 12% da AMD (a Intel teve presença inexpressiva).
Aumentar a sua fatia de mercado requer um grande esforço da AMD, portanto. Jack Huynh explicou que um dos caminhos para isso está em focar em chips gráficos mais acessíveis e que, portanto, favorecem o volume de vendas.
(…) Não quero que a AMD seja a empresa que [cujos produtos] apenas pessoas que podem pagar por Porsches e Ferraris consigam comprar. Queremos construir sistemas de jogos para milhões de usuários.
Jack Huynh, vice-presidente sênior de computação e gráficos da AMD
Ainda segundo o executivo, esse aumento de participação ajudaria a atrair desenvolvedores. Isso é mais importante do que parece. Atrair desenvolvedores significa ter jogos e outros softwares mais bem otimizados para trabalhar com GPUs da AMD.
Tudo isso deixa claro que a companhia priorizará chips gráficos que oferecem boa experiência em jogos, mas que não são tão avançados no aspecto do desempenho geral.
Priorizar um segmento não significa abandonar outro. Em nenhum momento Huynh disse que a AMD deixará de desenvolver GPUs avançadas. É possível que a companhia ainda dedique algum esforço a elas, mas sem expectativas de vencer os modelos mais sofisticados da Nvidia.
Essa abordagem faria sentido. Se a AMD deixa de desenvolver GPUs avançadas, os consumidores podem interpretar esse movimento como uma incapacidade da companhia de rivalizar com a Nvidia, logo, passariam a desconfiar até dos chips gráficos mais acessíveis. Uma placa de vídeo topo de linha serviria de chamariz para modelos menos potentes, portanto.
De todo modo, não vai demorar para conhecermos a real estratégia da AMD. A previsão é a de que a série Radeon RX 8000 seja anunciada oficialmente até o final de 2024 ou, no mais tardar, no começo do próximo ano.