Após auxílio emergencial, número de pessoas sem conta bancária despencou
Auxílio emergencial requer conta no app Caixa Tem; número de desbancarizados no Brasil caiu 73% durante pandemia
Auxílio emergencial requer conta no app Caixa Tem; número de desbancarizados no Brasil caiu 73% durante pandemia
O auxílio emergencial provocou um efeito enorme na forma como os brasileiros lidam com dinheiro: o número de pessoas sem conta em banco teve forte queda nos últimos cinco meses, já que o benefício requer a abertura de uma poupança social digital acessível pelo app Caixa Tem. A alta das vendas pela internet e a popularização de carteiras digitais também tiveram um papel importante.
O número de desbancarizados no Brasil caiu 73% durante a pandemia, segundo um estudo realizado pela AMI (Americas Market Intelligence) em parceria com a Mastercard. Isso inclui pessoas que não tinham conta em bancos ou fintechs antes de abril de 2020.
Há alguns motivos para essa queda. O distanciamento social, medida necessária durante a pandemia da COVID-19, estimulou o comércio eletrônico no Brasil e o pagamento por aproximação em lojas físicas. Além disso, o governo federal distribuiu mais de R$ 200 bilhões em auxílio emergencial para 67,2 milhões de pessoas entre abril e setembro, tudo via conta digital.
Estima-se que, em 2019, havia 45 milhões de brasileiros desbancarizados — pessoas que não tinham conta em banco, ou que tinham mas não a utilizavam há mais de seis meses. Elas movimentavam mais de R$ 800 bilhões por ano.
A inclusão bancária foi, em parte, forçada pela Caixa. Desde maio, os beneficiários do auxílio emergencial de R$ 600 precisam esperar várias semanas para poderem sacar ou transferir o dinheiro. Muitas pessoas resolveram, então, usar boletos para enviar valores ao Nubank, PicPay, Mercado Pago, entre outras fintechs.
Em maio, menos de 5% das transações no Caixa Tem eram realizadas de forma digital e cerca de 35% eram saques. Em agosto, as transações digitais chegaram a 63%, contra 15% de saques — parte deles acabou sendo transferida para outras instituições.
Outros países da América Latina também viram uma queda na desbancarização graças a benefícios sociais durante a pandemia do novo coronavírus. “O Ingreso Solidario na Colômbia e o Ingreso Familiar de Emergencia da Argentina impulsionaram a criação de contas bancárias pelos usuários para o depósito do auxílio”, diz a Mastercard em comunicado.
Ao longo de cinco meses, 40 milhões de pessoas na América Latina criaram contas em instituições financeiras, segundo o estudo. A população desbancarizada caiu 18% na Argentina e 8% na Colômbia.
A pesquisa foi realizada entre junho e agosto de 2020 com “dados divulgados por governos e instituições financeiras, bem como entrevistas com 18 instituições financeiras, incluindo os mais tradicionais bancos e fintechs dos quatro países”.