Banda criada por IA já soma mais de 400 mil ouvintes no Spotify

Velvet Sundown surgiu há menos de um mês, mas já conquistou milhares de ouvintes com seus álbuns de rock psicodélico e visual suspeito.

Marina Borges
• Atualizado 01/07/2025 às 07:23
Resumo
  • A banda Velvet Sundown alcançou 400 mil ouvintes no Spotify em menos de um mês.

  • Usuários suspeitam que o grupo foi criado com IA por falta de informações reais.

  • O Deezer desenvolveu uma tecnologia para identificar músicas geradas por IA, mas o Spotify ainda não obriga os artistas a sinalizarem o uso de IA.

Uma banda misteriosa chamou a atenção nas últimas semanas por um feito impressionante: ultrapassou a marca de 400 mil ouvintes mensais no Spotify menos de um mês após sua estreia. A Velvet Sundown lançou dois álbuns em junho e se apresenta como um quarteto de rock psicodélico com elementos de soul e alt-pop.

Mas, apesar do sucesso repentino, o grupo levantou suspeitas de ter sido criado com inteligência artificial.

A dúvida surgiu entre usuários do Reddit, que descobriram a banda por meio de playlists automáticas como a Discover Weekly. Intrigados com a ausência de informações sobre os integrantes fora do Spotify, os fãs começaram a investigar — e encontraram imagens promocionais que, segundo eles, apresentam características típicas de criações feitas por IA.

Velvet Sundown é real ou criação de IA?

Segundo a biografia no perfil do Spotify, os integrantes da banda são Gabe Farrow (vocais e mellotron), Lennie West (guitarra), Milo Rains (baixo e sintetizador) e Orion “Rio” Del Mar (percussão). Eles afirmam criar uma mistura de “cinematic alt-pop” com “dreamy analogue soul”. Apesar dessa apresentação, não há sinais de turnês, entrevistas, vídeos de bastidores ou qualquer prova concreta de que os músicos existam de fato.

A abertura de uma conta no Instagram no fim de junho aumentou o mistério. As imagens publicadas mostram os supostos membros da banda em poses e ambientes que levantaram ainda mais suspeitas, com detalhes visuais considerados “estranhos demais” por alguns usuários.

No perfil da Velvet Sundown no Deezer, porém, uma descrição alerta que “algumas faixas” da banda “podem ter sido criadas com inteligência artificial”.

Deezer já combate músicas geradas por IA

Embora o Spotify ainda não exija a identificação de faixas feitas com IA, plataformas como a Deezer já estão adotando medidas para lidar com esse tipo de conteúdo. Em junho, a empresa anunciou a criação do primeiro sistema global para detecção de músicas inteiramente geradas por IA, após registrar um crescimento de 18% no envio diário dessas faixas.

A ferramenta utiliza uma tecnologia própria para reconhecer padrões de modelos populares como Suno e Udio, além de estar sendo treinada para detectar novas soluções generativas. Segundo Alexis Lanternier, CEO da Deezer, a prioridade da plataforma é proteger os direitos de artistas reais e manter a confiança do público.

Para isso, músicas 100% sintéticas serão removidas das playlists editoriais e das recomendações automatizadas, com o objetivo de evitar fraudes e distorções na remuneração.

Vale mencionar que uma pesquisa da Confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores (CISAC), em parceria com a Deezer, estima que até 25% da receita dos criadores pode ser comprometida até 2028 por causa do uso de obras protegidas por direitos autorais no treinamento de modelos de IA. Isso poderia gerar um impacto de até 4 bilhões de euros (cerca de R$ 25 bilhões, em conversão direta) na indústria musical.

Com informações da NME

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Marina Borges

Marina Borges

Redatora

Marina Borges é formada em jornalismo pela Unesp e soma passagens por alguns veículos digitais. Cobrindo tecnologia, atuou nas redações do TechTudo e da Revista AnaMaria antes de escrever para o Tecnoblog.