Chefe da saúde pública dos EUA pede “selo de advertência” em redes sociais

Vivek Murthy quer que Congresso crie lei para que redes sociais venham com aviso sobre riscos para saúde mental de crianças e adolescentes

Giovanni Santa Rosa
Foto de pessoas sentadas usando smartphones. O foco da imagem são os smartphones, e as pessoas não aparecem.
Debate sobre saúde mental e redes sociais está em alta (Imagem: Robin Worrall / Unsplash)

Vivek Murthy, chefe dos departamentos de saúde pública dos Estados Unidos, fez um apelo ao Congresso do país: exigir que as redes sociais tenham “selos de advertência”, semelhantes aos das embalagens de cigarro, para expor os perigos que elas representariam para a saúde mental de crianças e adolescentes.

Murthy ocupa o cargo de cirurgião-geral dos EUA, nome dado ao líder do sistema de saúde pública no país. “A crise de saúde pública entre os jovens é uma emergência, e as redes sociais despontaram como um fator importante”, escreveu ele em um artigo publicado no jornal The New York Times.

Lateral de embalagem de cigarro com mensagem de advertência escrita em inglês
Selo proposto para redes sociais deve seguir padrão das mensagens sobre tabaco (Imagem: Debora Cartagena / CDC)

No texto, o médico cita estudos indicando que adolescentes que passam mais de três horas por dia usando redes sociais têm riscos maiores de apresentar sintomas de ansiedade e depressão. Além disso, metade dos jovens dizem que as plataformas fazem com que eles se sintam mal sobre a própria aparência.

O selo pedido pelo cirurgião-geral seria semelhante ao apresentado nas embalagens de cigarro vendidas no país. É uma mensagem de três linhas, sem imagem, diferente das advertências presentes nos maços e caixas vendidos no Brasil. E, como no caso do tabaco, para que a medida seja colocada em prática, o Congresso dos EUA precisaria criar uma lei autorizando a mensagem.

Governos investigam e processam redes sociais

O impacto das redes sociais na saúde mental dos adolescentes é uma questão em alta nos últimos anos. Em 2021, Frances Haugen, ex-funcionária da Meta, acusou a empresa de esconder resultados de pesquisas internas que demonstrariam os perigos do Instagram para o bem-estar deste público.

Nos EUA, 41 estados processaram a Meta por supostamente ter enganado a população sobre os danos que suas plataformas poderiam causar a crianças e adolescentes.

Instagram em smartphone
Instagram é acusado de viciar crianças e adolescentes (Imagem: Azamat E / Unsplash)

O governador da Flórida, Ron DeSantis, do Partido Republicano, sancionou uma lei que proíbe que menores de 14 anos tenham contas nas redes sociais; menores de 16 precisam de consentimento dos pais para acessar as plataformas.

No estado de Nova York, a governadora Kathy Hochul, do Partido Democrata, prometeu sancionar uma lei para proibir o uso de algoritmos nos feeds de crianças e impedir que as empresas compartilhem informações de usuários menores de 18 anos.

O assunto também tem repercussão fora dos EUA. A União Europeia vai investigar se Facebook e Instagram estimulam comportamentos viciantes em crianças e adolescentes.

Com informações: Associated Press, Axios, The Verge, CNN

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.