Deezer lança primeiro sistema que detecta músicas geradas por IA

Plataforma vai aplicar selo em álbuns com faixas sintéticas. Detecção cobre músicas de ferramentas como Suno e Udio.

Gabriel Sérvio
• Atualizado às 11:41
Resumo
  • Deezer lança sistema global para identificar músicas criadas por IA
  • Faixas sintéticas serão rotuladas e excluídas de playlists e algoritmos
  • Ferramenta visa combater fraudes e proteger royalties de artistas

A plataforma de streaming Deezer anunciou o lançamento do primeiro sistema global que detecta músicas criadas totalmente por inteligência artificial (IA). A iniciativa surge em um momento pertinente: segundo a empresa, o envio diário de canções “artificiais” cresceu cerca de 18% e já equivale a mais de 20 mil faixas.

“Detectamos um aumento significativo no envio de músicas geradas por IA apenas nos últimos meses e não vemos sinais de desaceleração”, afirmou Alexis Lanternier, CEO da Deezer. 

Como funciona o novo sistema da Deezer?

  • A nova função usa uma tecnologia de detecção própria criada pela Deezer e vai identificar claramente os álbuns com faixas criadas por inteligência artificial
  • O sistema consegue distinguir com precisão músicas criadas por ferramentas como Suno e Udio, por exemplo, e pode ser treinado para reconhecer mais modelos de IA generativa no futuro
  • A capacidade de identificar músicas sintéticas mesmo sem treinamento prévio também está em desenvolvimento

Segundo a empresa, a atualização é uma resposta a um problema que afeta toda a indústria musical.

“Acreditamos que uma abordagem responsável e transparente é essencial para manter a confiança dos nossos usuários e com a indústria da música. Também reafirmamos nosso compromisso com a proteção dos direitos de artistas e compositores, especialmente em um momento em que as leis de direitos autorais estão sendo questionadas em função do treinamento de modelos de IA”.

Alexis Lanternier – CEO da Deezer

Foco no combate à fraude

Apesar do volume aparentemente alto de uploads, a música gerada por IA ainda representa uma fração baixa de consumo no serviço – cerca de 0,5%. No entanto, dados internos apontam que o principal objetivo por trás do envio dessas faixas é, na maioria, fraudulento. 

A avaliação interna da companhia revela que até 70% dos streams relacionados a essas canções são criados para fraudar o sistema de remuneração. Em resposta, a Deezer disse que já exclui execuções manipuladas dos cálculos de repasse de royalties aos detentores de direitos.

Para preservar a justa remuneração dos criadores, a plataforma também decidiu excluir as faixas 100% geradas por IA das recomendações algorítmicas e playlists editoriais. Esta medida visa evitar que o conteúdo sintético prejudique a descoberta de obras de artistas reais.

Vale destacar que a ação da Deezer se insere em um contexto crescente de debate sobre o uso de obras protegidas para treinar modelos de IA generativa. Uma pesquisa recente realizada pela Confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores (CISAC), em colaboração com a PMP Strategy e com a própria Deezer, prevê que até 25% da receita dos criadores pode estar em risco até 2028. Isso representa um impacto potencial de até 4 bilhões de euros (cerca de R$ 25 bilhões, em conversão direta), um desafio e tanto para o mercado musical.

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Gabriel Sérvio

Gabriel Sérvio

Gabriel Sérvio é formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário Geraldo Di Biase. Contribuiu para veículos como Canaltech, TudoCelular e Olhar Digital. Atualmente, escreve para o Tecnoblog.