Descarte de satélites pode ferir a camada de ozônio

Aumento do número de satélites de baixa órbita preocupa cientistas; ao final da vida útil, equipamentos são lançados para a atmosfera para serem destruídos

Lucas Braga
Satélites Starlink (imagem: divulgação/SpaceX)
Satélites da Starlink podem ter prejudicado camada de ozônio (imagem: Divulgação/SpaceX)
Resumo
  • A queima de satélites na atmosfera libera óxido de alumínio, danificando a camada de ozônio, segundo estudo da Universidade do Sul da Califórnia.
  • A quantidade de óxido de alumínio na atmosfera aumentou oito vezes entre 2016 e 2022. A Starlink é a principal responsável, mas não a única.
  • Empresas como OneWeb e Amazon também planejam lançar milhares de satélites, aumentando o risco de danos à camada de ozônio.

As constelações de satélite trazem diversos benefícios, como internet de alta velocidade e baixa latência em lugares remotos. No entanto, cientistas se preocupam com os efeitos causados pelo descarte dessas estruturas, que podem romper a camada de ozônio.

Todo satélite tem uma vida útil. Após esse período, a infraestrutura se direciona para a atmosfera, onde é queimada e destruída. Aí está o problema: de acordo com um estudo da Universidade do Sul da Califórnia, os satélites podem liberar elementos capazes de romper a camada de ozônio, que protege o planeta contra raios ultravioletas emitidos pelo sol.

Durante a destruição, os satélites liberam partículas de óxido de alumínio, que perfuram a camada de ozônio. Os cientistas se preocupam com o aumento dessa substância na atmosfera, que cresceu oito vezes entre 2016 e 2022. Os primeiros satélites da Starlink foram lançados ao espaço em 2019 e podem ter relação com essa expansão.

Com a tendência de aumento no número de equipamentos de baixa órbita (LEO), é esperado que a camada de ozônio sofra ainda mais danos nos próximos anos. Um satélite típico de 250 kg é capaz de gerar aproximadamente 30 kg de nanopartículas de óxido de alumínio, que podem perdurar por décadas na atmosfera.

Quando se fala em satélites, a Starlink costuma ser a primeira empresa a se pensar, por oferecer internet em locais remotos por um custo não tão elevado. Essa associação faz sentido: de todos os 8,1 mil objetos em baixa órbita na Terra, cerca de 6 mil são da companhia de internet do Elon Musk.

Antena Starlink de segunda geração (imagem: divulgação/SpaceX)
Starlink é a principal companhia de internet via satélite de baixa órbita (imagem: divulgação/SpaceX)

No entanto, existem empresas concorrentes com satélites que também podem danificar a camada de ozônio durante o processo de descomissionamento. A OneWeb mantém sua própria constelação de baixa órbita, com mais de 600 equipamentos com peso que varia entre 150kg a 200kg cada.

A Amazon deve entrar com maior força nesse setor para competir com a Starlink. A companhia de Jeff Bezos prevê enviar mais de 3,2 mil satélites de baixa órbita do Project Kuiper para fornecer serviços de banda larga. No Brasil, a Amazon firmou parceria com a Sky; a operação comercial deve começar no final de 2025 e o serviço pode atingir velocidades de 400 Mb/s.

Com informações: SpaceDaily, Independent

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.