EUA proíbem WhatsApp na Câmara de Representantes

Órgão legislativo aponta "alto risco" por falta de transparência com dados armazenados. Meta discorda da decisão e defende o app.

Felipe Faustino
• Atualizado às 18:09
Resumo
  • A Câmara dos Representantes dos EUA proibiu o WhatsApp nos celulares de trabalho dos funcionários e servidores.
  • O motivo seria os possíveis riscos de segurança relacionados à transparência e criptografia de dados armazenados.
  • A Meta discorda da decisão e afirma que o aplicativo possui criptografia de ponta a ponta superior a de muitos apps permitidos pelo órgão legislativo.

O WhatsApp foi banido dos celulares de trabalho de funcionários da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, órgão equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil. O comunicado interno, obtido pelo site Axios, afirma que o app deve ser removido de todos os dispositivos gerenciados pela Câmara.

O Diretor Administrativo (CAO) da Câmara comunicou a decisão nesta segunda-feira (23/06), classificando o app como de “alto risco” para os servidores devido às preocupações de segurança e proteção de dados.

A Meta discordou publicamente da decisão. A empresa dona do WhatsApp argumenta que a criptografia do mensageiro é maior que de outros aplicativos permitidos na lista oficial do órgão legislativo.

Por que o WhatsApp foi banido?

Segundo o e-mail obtido pelo Axios, a decisão partiu após recomendação do Escritório de Cibersegurança da Câmara e foi motivada por preocupações técnicas com a forma como o aplicativo gerencia dados dos usuários.

O principal argumento é a “falta de transparência sobre os mecanismos de proteção”, aliada à “ausência de criptografia para dados armazenados” — ou seja, para backups salvos em nuvem.

Atualmente, o mensageiro aplica criptografia de ponta a ponta (E2EE) em todas as mensagens, o que impede que terceiros, incluindo a própria Meta, leiam os conteúdos trocados nas conversas. Contudo, os backups armazenados em serviços como Google Drive e iCloud não são criptografados por padrão.

A proteção extra pode ser ativada manualmente nas configurações do app, mas essa não é uma prática comum entre os usuários. Para os órgãos públicos, no entanto, essa lacuna pode ser um risco.

Além disso, a decisão segue uma tendência recente da Câmara americana de proibir ou restringir o uso de ferramentas consideradas um risco à segurança. A lista inclui o chatbot chinês DeepSeek, aplicativos da também chinesa ByteDance (como o TikTok), o Copilot da Microsoft e até o ChatGPT, que teve seu uso limitado à versão paga em computadores do órgão.

Meta defende segurança do WhatsApp

Em uma publicação no X, o porta-voz da Meta, Andy Stone, afirma que o aplicativo já é aprovado para uso oficial no Senado norte-americano e que a empresa espera conseguir o mesmo reconhecimento na Câmara.

Stone ressalta que o WhatsApp oferece criptografia de ponta a ponta por padrão, garantindo, segundo ele, um “nível de segurança superior ao de muitos apps atualmente aprovados” para uso pelos funcionários da Casa Legislativa.

Entre os aplicativos considerados seguros pela Câmara estão o Microsoft Teams, Wickr, Signal, iMassage e FaceTime — alguns dos quais não oferecem o mesmo padrão de criptografia em todas as interações, como mensagens em grupo ou chamadas em vídeo.

Pressão sobre a plataforma

O veto pode gerar mais atrito entre o governo e a Meta, que já enfrenta processos da Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês), críticas à sua política de moderação e medidas restritivas em diferentes esferas do poder público.

A limitação de uso do WhatsApp nos Estados Unidos, no entanto, pode não ser tão impactante para a rotina da maioria dos servidores. Diferente do Brasil, onde o WhatsApp é o principal mensageiro, o iMessage da Apple é o mais utilizado entre os americanos que usam iPhone — celular que também lidera o mercado por lá.

Com informações de Axios e da Bloomberg

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Felipe Faustino

Redator

Felipe Faustino é bacharel em jornalismo pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp). Escreve sobre tecnologia, eletrônicos e ciências, editoria na qual também atuou pelo Jornal da USP. Além de jornalista, fã de tecnologia e fissurado por questões de meio ambiente, é, sobretudo, apaixonado pela DC Comics e pelo SPFC.