Figma remove ferramenta de IA após acusações de plágio

Make Designs deveria criar interfaces, mas copiava app nativo do iPhone. CEO admite que pressionou equipe para apressar lançamento.

Giovanni Santa Rosa
• Atualizado às 15:38

A Figma desabilitou a ferramenta Make Designs, que usa inteligência artificial para criar interfaces rapidamente, a partir de pedidos simples, em linguagem natural. O recuo vem após acusações de plágio: para atender ao pedido de criar uma interface para previsão do tempo, a IA simplesmente copiou o design do app nativo do iPhone.

Dylan Field, CEO da Figma, anunciou a remoção do Make Designs em sua conta no X (antigo Twitter). Segundo o executivo, a medida é temporária, até que a equipe possa confiar nas criações da ferramenta. Field também assumiu a culpa pelo problema. Ele admite ter pressionado a equipe para que o recurso estivesse pronto a tempo da Config, evento realizado em junho, deixando de lado avaliações de qualidade.

O problema foi identificado por Andy Allen, CEO da Not Boring Software, que faz apps para o iOS. Em um vídeo também publicado no X, Allen pede para o Figma criar o design de um “not boring weather app” (“aplicativo de previsão do tempo que não seja chato”, em tradução livre).

O Make Designs cria um design praticamente idêntico ao Tempo, da Apple. A temperatura atual em destaque, a previsão para as próximas horas com rolagem na horizontal, uma lista de próximos dias e informações adicionais dispostas em quadrados são iguais aos do aplicativo nativo do iPhone.

Figma diz que modelos de IA são de outras empresas

Segundo Kris Rasmussen, CTO da Figma, a ferramenta Make Designs é usa como base os modelos GPT-4o, da OpenAI, e Titan Image Generator G1, da Amazon. Ele afirma que a Figma em si não realizou nenhum treinamento, apenas criou um sistema de design sob medida. Segundo Field, o problema estava neste sistema.

A Figma, no entanto, pretende começar a treinar seus próprios modelos de IA em breve. A empresa publicou suas políticas sobre o assunto durante a Config. Os usuários têm até o dia 15 de agosto para permitir ou proibir a empresa de usar suas criações no treinamento.

Entre 2022 e 2023, a Figma quase foi vendida para a Adobe, que acabou desistindo do negócio após problemas com autoridades regulatórias. A antiga compradora também é alvo de questionamentos por suas políticas de inteligência artificial.

Com informações: The Verge

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.