HDs com as músicas dos anos 90 estão parando de funcionar

Empresa de recuperação de arquivos destaca que um quinto dos HDs dos anos 90 chegam brickados. Falha em gerenciamento de HDs é risco para gravadoras

Felipe Freitas
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• Atualizado há 1 mês
Visão interna de um disco rígido (imagem: Everton Favretto/Tecnoblog)
Falta de avaliação dos HDs prejudica o armazenamento de arquivos de gravadoras (Imagem: Everton Favretto/Tecnoblog)
Resumo
  • Os HDs usados pelas gravadoras desde os anos 90 estão falhando, prejudicando o armazenamento e remasterização de músicas.
  • Cerca de 20% dos discos rígidos antigos são irrecuperáveis, mesmo quando armazenados corretamente.
  • A falta de monitoramento regular dos HDs contribui para a deterioração gradual, que pode ocorrer mesmo antes do fim da vida útil.
  • A popularidade do streaming e a necessidade de remasterização em alta qualidade expuseram o problema com os HDs.
  • Pequenos estúdios e espólios de artistas costumam ser mais negligentes com a manutenção dos discos rígidos.

As grandes gravadoras estão passando por um problema com seus armazenamentos. Os HDs usados desde os anos 90 para guardar músicas e sessões de gravação estão estragando. Além do risco de perder esses arquivos, o problema afeta a remasterização de músicas para formatos de alta qualidade de streamings.

O caso foi publicado pela revista Mix, especializada em música, que apurou a informação com a Iron Mountain, empresa do ramo de recuperação de dispositivos de armazenamento que atende companhias do entretenimento. Nos anos 90, as gravadoras passaram a adotar os discos rígidos para guardar seus arquivos pela praticidade — ou pelo que parecia ser praticidade na época.

Um quinto dos HDDs dos anos 90 são irrecuperáveis

De cada cinco HDs que chegam à Iron Mountain, um não pode ser lido — foi de Starway to Heaven. A empresa aponta que mesmo se armazenado corretamente, os discos rígidos vão apresentar falhas após alguns anos.

O problema é ainda maior quando os donos (seja gravadora, músicos ou os responsáveis pelos espólios) não mantêm um processo de verificar regularmente a saúde dos HDs. Por exemplo, você sabe quando o seu disco rígido está estragando quando o computador começa a passar por problemas.

Disco rígido de 2,5 polegadas sem a tampa, exibindo seu interior (Foto: Everton Favretto/Tecnoblog)
Discos rígidos para consumidores podem durar até dez anos no melhor cenário, mas a média costuma ser cinco anos (Foto: Everton Favretto/Tecnoblog)

Se a gravadora ou estúdio joga um HDD (outro nome para o HD) no cofre e só o tira quando vai remasterizar o material, ela pode ficar anos sem perceber a deterioração gradual. Ainda que armazenado em ambiente com as condições ideais, ele pode falhar antes do fim da vida útil — que é menor do que a dos SSDs.

Koszela explica que estúdios pequenos ou espólios de artistas têm menos cuidado, com os HDs, deixando de qualquer jeito em algum espaço na sede. Já os grandes estúdios demoram para avaliar os discos rígidos por esperarem estratégias comerciais — como algum relançamento para celebrar o aniversário de algum disco. Antes de entrar na empresa, Koszela foi funcionário da Universal Music Group.

A Iron Mountain destaca que há casos de HDs usados em gravações de 1990 a 1995 que estão estragando. Robert Koszela, um dos diretores da empresa, relata que os discos rígidos de algumas empresas chegam ainda com as etiquetas de quando foram comprados — e já sem salvação.

Streamings levam gravadoras a perceber problemas

Com os streamings de música mais populares e fornecendo música em alta qualidade (menos o Spotify), as gravadoras precisam remasterizar as músicas para formatos mais novos, além de atender os codecs mais recentes. Assim, ao buscar os HDDs para esse processo, as empresas percebem os problemas.

Como destaca o site Mix, até a popularização do Guitar Hero contribuiu para as gravadoras remasterizarem músicas antigas. E os filmes também exigem melhorias na qualidade das canções. Afinal, é um setor que evolui na tecnologia de áudio.

Com informações: Mix e Ars Technica

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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