IA gasta meio litro de água para escrever e-mail de 100 palavras

Data centers consomem eletricidade para funcionar e água para refrigerar equipamentos. Impacto pode chegar a números equivalentes a um estado inteiro.

Giovanni Santa Rosa
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Ilustração com o texto "AI" ao centro
Inteligência artificial precisa de muito processamento para ser treinada e para executar tarefas (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

Um estudo estimou que, para gerar um e-mail de 100 palavras usando inteligência artificial, um data center consome 519 ml de água, o que dá quase uma garrafinha, e 0,14 kWh, suficiente para manter 14 lâmpadas LED acesas por uma hora.

Os cálculos foram realizados por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Riverside, em parceira com o jornal The Washington Post. Eles consideram uma ferramenta usando o modelo GPT-4, da OpenAI.

Não é a primeira vez que um estudo destaca as quantidades de recursos usados por modelos de IA. Pesquisadores já apontaram que a geração de uma imagem pode chegar a consumir 11,49 kWh, o suficiente para carregar 950 smartphones. As empresas também estão tendo problemas com o aumento das emissões de carbono.

As quantidades de água e energia consumidas por um data center podem variar, de acordo com alguns fatores. Sistemas de resfriamento são mais necessários em locais onde o clima é mais quente, por exemplo. Se há pouca água disponível, a saída é usar ar-condicionado, aumentando o consumo de eletricidade.

Interior de um data center, com servidores e cabos
Data center do Google; empresa promete zerar emissões até 2030 (Imagem: Divulgação / Google)

IA gasta água que dá para abastecer um estado inteiro

Para dar uma dimensão do impacto que isso pode representar, a publicação fez algumas multiplicações, envolvendo a mesma tarefa de um e-mail de 100 palavras.

Considerando um e-mail por semana, em um ano, o gasto é de:

  • 27 litros de água, o que dá mais do que um galão de 20 litros.
  • 7,5 kWh, o equivalente ao consumo 9,3 casas em Washington, capital dos Estados Unidos, durante uma hora.

Ao multiplicar este e-mail semanal por 16 milhões de pessoas (10% dos americanos que trabalham), o gasto é de:

  • 435 milhões de litros, suficientes para abastecer todas as casas do estado de Rhode Island, o menor dos EUA, por um dia e meio.
  • 121 mil kWh, o equivalente ao consumo de todas as casas da capital dos EUA durante 20 dias.

Os cientistas também estimaram a água utilizada para treinar modelos de IA.

  • Os data centers da Microsoft teriam consumido 700 mil litros de água para treinar o GPT-3. Isso é o equivalente à água utilizada para produzir 45 kg de carne, aproximadamente o dobro do que um americano come por ano.
  • Os data centers da Meta teriam consumido 22 milhões de litros de água para treinar o Llama-3. Isso é o equivalente à agua usada utilizada para produzir duas toneladas de arroz, aproximadamente o consumido por 164 americanos por ano.

O que as empresas dizem

A reportagem do Washington Post procurou as principais empresas de inteligência artificial. O Google afirmou que mantém suas metas ambiciosas, que incluem zerar a emissão de carbono até 2030.

A OpenAI admite que a IA pode ter um uso intenso de energia e afirma que está trabalhando constantemente para melhorar a eficiência. Por sua vez, a Meta diz operar seus data centers de forma sustentável e eficiente, ao mesmo tempo em que garante o acesso a seus serviços.

Já a Microsoft reforça seu compromisso com a redução da retirada de recursos. A companhia diz trabalhar em métodos de refrigeração que prometem eliminar por completo o consumo de água.

Com informações: The Washington Post

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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