IA poderá participar de reuniões no lugar das pessoas, sugere CEO do Zoom

Eric Yuan, fundador da empresa de videoconferências, imagina um futuro em que seu clone digital vai conversar com funcionários e tomar decisões

Giovanni Santa Rosa
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Inteligência artificial
IA treinada com seus dados participaria de reuniões e até faria sugestões (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

Eric Yuan, CEO e fundador do Zoom, tem uma ideia para a inteligência artificial: usá-la para criar um clone do usuário, que participaria das reuniões online em seu lugar, dando até mesmo sugestões, e posteriormente passaria um resumo do que aconteceu.

O Zoom vem investindo em ferramentas de IA para facilitar o trabalho, mas, como você pode imaginar, elas não são capazes de substituir as pessoas. O próprio Yuan reconhece que problemas como alucinações — responsáveis por erros no ChatGPT e no Gemini, por exemplo — precisariam ser solucionados para tornar a ideia viável. Mesmo assim, ele aposta que o clone digital será o futuro.

Ilustração com o ícone do app de videoconferência Zoom
Zoom vem investindo em ferramentas de IA (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

“Toda manhã, quando eu acordar, uma IA vai dizer para mim, ‘Eric, você tem cinco reuniões hoje. Você não precisa participar de quatro dessas cinco. Você só precisa participar de uma. Você pode mandar uma versão digital sua [para as outras]’”, explicou Yuan ao podcast Decoder, do site The Verge.

Ele acrescenta que este clone digital poderia não só ouvir as reuniões, mas também participar da tomada de decisões. Para isso, cada pessoa teria seu próprio modelo de linguagem de larga escala (LLM, na sigla em inglês) — ou seja, sua própria IA, baseada no contexto individual.

Para o CEO, esta tecnologia ajudaria até mesmo seus funcionários: caso ele não possa comparecer a uma reunião, ela não precisaria ser adiada, e as decisões seriam discutidas com a IA.

Yuan acha que será possível até mesmo ajustar parâmetros para compensar dificuldades, como não ser bom em convencer clientes. O clone digital poderia ser inicialmente apenas de voz, mas, com o passar do tempo, evoluiria para uma espécie de avatar digital.

Vale dizer que, apesar de o CEO do Zoom usar o termo “digital twin”, a tecnologia que ele propõe não tem relação com o que conhecemos atualmente como gêmeo digital, um modelo de um objeto físico para testes e simulações, bastante utilizado em diversos ramos da engenharia. A ideia de Yuan parece mais um deepfake do usuário.

Alucinações e segurança são grandes obstáculos

Nilay Patel, apresentador do Decoder, questionou Yuan sobre possíveis obstáculos para sua visão de ter clones digitais usando IA.

Um deles envolve segurança: e se alguém hackear meu clone digital e usá-lo sem que eu saiba? O CEO do Zoom defende que sua versão de IA precisará ser armazenada localmente, como acontece com criptomoedas, e que serão necessárias ferramentas para detectar se aquele clone é autêntico.

As alucinações são outro desses problemas: LLMs podem gerar textos articulados aparentemente legítimos, mas que trazem informações imprecisas ou até “inventadas”. Yuan acredita que este problema será corrigido com o tempo, conforme a tecnologia se desenvolve, seja com mais capacidade de processamento ou com refinamentos de software.

Com informações: The Verge

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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